Vamos falar desse calo moral pessoal que é
a Economia.
Você não precisa entender Teoria Econômica,
nem saber sobre indexadores, nem sobre mais nada: economia, a gente ‘nasce
sabendo’.
Podemos nos confundir com preço e com
valor, com capital e com dinheiro, mas desde cedo a gente sabe o que é comprar
e tem uma vaga ideia do que seja gasto, pagamento e dinheiro.
Saindo dessas abstrações de infância,
vamos lá: desde que você possua alguma renda, mesmo que flutuante (ou seja, sem
recebimentos fixos de um salário, um provento qualquer), ao colocar a mão em
dinheiro é necessário ter o domínio sobre ele.
Difícil fazer as despesas caberem no
dinheiro que se tem? Dificuldade que todo mundo tem.
Um grande amigo meu, que ganha bem, estava
se queixando dolorosamente, isto é, sofrendo de verdade, por ter prestações de
um empréstimo consignado, no valor de R$ 2.300,00 mensais, a serem pagos em 60
meses!
Se o empréstimo foi algo emergencial,
imprescindível, necessário, não importa. Antes de contrair o empréstimo,
deve-se avaliar o impacto financeiro da prestação. Este, entretanto, é um
calabouço, porque a pessoa que divide tudo em prestações minúsculas e parcela
no cartão, se afunda sem sentir, iludida pelo baixo impacto da prestação
irrelevante. Mas, voltando ao meu amigo: propus a ele que se fosse conveniente
quitar antecipadamente a dívida, ele deveria parar onde está. O exemplo que eu
dou serve para qualquer ser humano atolado em dívidas – exceto com agiota, que
aí, nem sua vida lhe pertence mais e essa, sim, é uma operação financeira de
alto risco. Vamos lá: para parar o circuito do endividamento, primeiramente é
necessário ter uma ideia sobre os gastos fixos.
A seguir, observar os gastos paralelos - que passam a não ter prioridade.
Os supérfluos todos precisam ser
eliminados.
As coisas, os preços, aumentam mais
que os seus ganhos. Logo, se você gasta 500 reais no supermercado
mensalmente; no mês seguinte, com a inflação real, vai gastar de 550 a 600 para
os mesmos itens. Portanto, não faça a loucura de substituir produtos: se você
confia numa marca, sabe da qualidade e da rentabilidade da mercadoria, compre
menos, compre um volume menor, mas saiba que de nada adianta usar um sabão em
pó barato e que não lava; nem a comida barata que é sem sabor...isso vai levar
não somente à insatisfação, como também a um gasto de mais produto ruim a fim
de que ele dê o resultado do bom produto. Portanto, a Economia pode ir por aí.
Você tem carro? Ótimo! Você precisa mesmo
usar seu carro para se deslocar por um quilômetro ou dois? Pense em desgaste de
peças, estacionamento e trânsito e, se puder, vá a pé.
Não corte seu lazer. É tipo dieta: não precisa
cortar, eliminar alimentos, basta diminuir a porção.
Há outros cuidados com a vida que podem
ser adaptados, dosados. Cada um pense em suas respectivas realidades – isso inclui
a parte fixa, tipo contas da casa.
O que sobrar, seja um real ou um milhão,
deverá ser deixado sob reserva. Não precisa ser tudo: no primeiro mês, guarde
aquilo que uma vez reservado não será sacado de modo algum. Pode não ser o
melhor investimento, mas a poupança inicialmente ajuda muito. Depositou lá,
esqueça!
Nos meses seguintes, force a barra e
aumente o valor do depósito, seja quanto for.
Se lhe sobrar tempo, faça hora extra,
serviço extra, seja o que for também. Inclusive, seu dinheiro de férias deve
ser depositado, em pelo menos setenta e cinco por cento do valor líquido, em
suas reservas.
A ideia é gastar menos e guardar mais, a
longo prazo.
Não tire os prazeres de sua vida, mas
tenha responsabilidade com seus ganhos e com seus gastos.
Vamos à outra parte da conversa com meu
amigo, que também serve para qualquer um: depois de muita planilha com a vida,
cálculos inclusive com os aumentos de salário que virão, caso ele realmente
antecipe o pagamento do empréstimo, quitando tudo, dei aquele banho de água
fria nele. Propus: se você pode pagar, ainda que sofrendo, uma prestação de R$ 2.300,00,
agora você vai guardar R$ 1500,00 todo mês, no mínimo, por 36 meses. Aqui abriu-se
o precedente para investir em ações mesmo, em lances pequenos. Meu amigo
entendeu, mas ficou irado comigo, achando que não iria conseguir, que eu propunha
um absurdo.
Conclusão: é preciso que cada um de nós tenha
compromisso financeiro consigo mesmo. Se você paga uma instituição bancária, aprenda
a pagar a si mesmo, guardando. No caso de meu amigo, a meta é ter o suficiente
para dar entrada numa casa própria. Vejam bem: a pessoa se compromete por cinco
anos com um banco, mas não se compromete consigo mesmo em guardar...
É treinamento, condicionamento, a
recuperação financeira e a poupança. Ninguém reclama de existir reeducação
alimentar, mas berra contra reeducação financeira.
Deixe seu dinheiro ganhar musculatura, não
se meta em altos riscos; não gaste tudo o que tem e veja a diferença: ao
incorporar o hábito de poupar, a gente fica mais seguro e mais tranquilo. Fica
a dica!
Nenhum comentário:
Postar um comentário