Ainda não saí da pandemia, apesar do
afrouxamento das medidas sanitárias. Não me sinto segura me metendo em
aglomerações, dando beijos no rosto de gente conhecida, pulando e vibrando em
eventos sociais ou em lojas e estabelecimentos que aboliram o álcool. As amigas
já se mobilizam atrás de viagens em grupo pelo Brasil. Desconverso. Quero ver o
que pensarei em setembro...Mas, fora isso, a vida segue o fluxo.
Meu atual affair, para quem faço memes usando obras de arte como Template, reclama que eu deveria estar escrevendo e publicando meus livros. Este é um ponto a que sempre volto porque as pessoas, de fato, confundem os fluxos. Eu não acho que a autoria seja uma vaidade. Para mim, é responsabilidade.
Se eu exerço a posição de crítico literário,
investigo e aponto acertos e erros. Da mesma forma como o faço em minha
condição de leitora, a exigência para comigo mesma é bem maior. Logo, eu acho
que escrever é para quem se garante. Portanto, esse ‘se garantir’ é saber o que
se está fazendo, ultrapassar a marca da mediocridade e apresentar um livro como
se fosse um pedaço de si mesmo, no sentido de ter noção de que reunir palavras
não é fazer literatura.
Larguei mesmo meu quase atual psicanalista
por conta de coisas já citadas no post anterior (veio ele exaltar o fato
de que leu livros de Augusto Cury; citou um título de outra autoria de teor
semelhante no ramo da autoajuda duvidosa, numa clara demonstração de falta de
critério de leituras, me fazendo duvidar da real intimidade dele com Freud e
Lacan, não obstante viver metendo religião e Jesus em ramos totalmente alheios
à lógica cristã de culpas e de delírios salvacionistas). Paro e penso: há algo
de errado no mundo; e esse algo deve ser eu, por que não é possível uma coisa
dessas!
Abro esse parêntese para frisar minha
insatisfação com a postura dele, a citar a condição de capelão, o cargo na
Igreja; a dar claras provas de personalidade sedutora, ocupada em exibir
pretensas qualidades e exaltar à própria presumida Inteligência... E as
perguntas ‘ de bolso’, que parecem coisa de Youtuber a catar likes.
E eu, sem saber como manobrar o fim das sessões, ainda fui lá uma outra vez,
totalizando três, com minhas desculpas parciais o mais educadas possíveis.
Imagine, chegar para o analista e declarar: “Não quero mais sessões com você.
Não gostei.” É preciso sensibilidade para evitar criar traumas. Os meus, ele
não ajudou a resolver.
É muito difícil terminar relações, de
qualquer tipo. Uma dessas aí é bem sensível, porque constitui um pacto comercial
progressivo. Ao contrário do que se dá entre outros profissionais, que a gente
sempre pode trocar sem dar explicações – psicanalistas são portadores de nossas
intimidades e é o tempo que vai desenrolando o novelo deste tipo de relacionamento.
Não dá para simplesmente sumir, nem inventar desculpas inverossímeis.
Esquisito: para quê a gente se demora em
situações que não nos fazem felizes? Sem ganho secundário, nada justifica...a
não ser o vício em repetições. Reprogramar rotas, às vezes, implica passar pelo mesmo lugar; às vezes implica tomar outras direções.
Voltando ao meu affair, também me
pergunto o que quero com ele, o que quero dele. Há dias em que gostar basta;
dias em que a companhia inteligente dele me provém de muito do que me falta...e
há dias em que eu reconheço que aguardo indícios fortes e claros do que ele sente
por mim. Há dias em que falho muito, como um sinal instável de wi-fi...
Nenhum comentário:
Postar um comentário