De
alguma forma a gente julga que raciocinar e racionalizar sobre as coisas nos
ajuda a sair das situações-problema. Sim, é verdade. Mas, há coisas que a
lógica não dá conta, porque a gente sabe o que seria o certo, o lógico, o
adequado, mas segue na direção oposta.
Ficamos,
e esse plural se refere a mim e a uma colega de trabalho, desesperadas com os
relatos de três alunos (um homem, duas mulheres), jovens mal entrados nos 20
anos, com crises de ansiedade.
Ansiedade
todo mundo tem e é bem necessária. É até excitante ficar contando as horas para
que algo aconteça, para que aquela pessoa apareça, ou aquele resultado seja
publicado, ou que cheguemos logo a um lugar ou que uma data chegue...Normal e
bom, ainda que cause alterações na gente. O problema está quando todas essas sensações
se convertem num mal-estar, num sentimento que evolui para sintomas físicos de
sufocamento, coração acelerado, sensação de desmaio, de escurecimento da vista,
de tontura ou de coisas que sequer a pessoa sabe dizer do que se trata, exceto
de que pensa que vai morrer – e nessas horas, as mãos ficam geladas, as
extremidades podem suar frio.
Aí,
sim, se tem um quadro de ansiedade patológica.
O
aluno, totalmente saudável, socialmente ajustado, excelente em popularidade,
notas, desempenho, relacionamentos, queixou-se, em princípio, de sintomas de
calor, sufocamento e mal-estar. E demorou até notar que era mais do que
sintomas.
As
moças já tinham um parecer médico após descreverem os mesmos sintomas.
De
episódios isolados, passa-se a episódios recorrentes, precipitados pelo medo de
sentir tudo de novo.
Vale racionalizar? Sim. É a melhor defesa. Saber que aquilo vai passar, porque já foi experimentado antes e passou: fundamental.
Se estiver tonto, parar e
sentar, respirando com controle, de modo a evitar a hiperventilação, ou seja,
evitar ficar ofegante ou respirara celeradamente...E se a cabeça acelera, andar é a melhor saída: pisotear
a ansiedade gastando energia. Naturalmente, tratamento psicanalítico é o que
vai resolver posteriormente.
A
ansiedade é um grito do psiquismo para que algo seja solucionado. Cada ‘algo’ é
particular. Normalmente, a gente não tem noção clara da causa. Mas, até que se
possa resolver, vale o anti-ansiolítico natural que é o chá ou um fitoterápico
adequado, vale a higiene mental e um pouco de solidão para se ter repouso, vale
o que lhe traga conforto (homeopatia, aromaterapia, o que for). E novamente, a
racionalidade: pensar em QUANDO isso começou, a fim de descobrir POR QUÊ.
Sinto
que meus alunos têm vergonha, como se fossem ser julgados ou inferiorizados.
Imagine, nosso mundo dá motivos constantes para sofrimentos psíquicos e quem
tem coração não tripudia das dores do existir. A razão não vai lhe poupar de sofrer,
mas vai ajudar a encontrar saídas para os sofrimentos.
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