Breve adendo da vida
real: conto, com a mais sincera solidariedade à minha amiga, que o caso citado
como exemplo, sobre a mulher que descobre a traição conjugal e põe a culpa na outra
mulher, considerada rival, acabou de acontecer mais uma vez.
Minha amiga, assim como
eu, parte da desconfiança de que se o cara é casado, está tendo um caso com
outra e depois de um tempo começa a deixar pistas, é porque deseja ser
descoberto, ainda que seja este um processo inconsciente.
Há um barato na traição,
que eu acho que não está no constante risco e, sim, na habilidade em escapar de
flagrantes e revelações. É muito excitante dissimular, escapar, escamotear,
cometer ‘crimes perfeitos’ no matrimônio. Mas, quando o cuidado é deixado de
lado, significa um ato falho.
Então, nós achávamos que ele queria terminar o casamento, que queria provocar ciúmes, agitar os tédios...Após a mulher traída ter ido atrás da minha amiga – tentou pessoalmente, mas errou o alvo por pouco saber sobre ela e onde encontra-la; e o fez por meio de rede social – dias depois, deixou por escrito a declaração de perdão ao marido, depreciou à Outra (e usou clichês pouco convincentes, se auto-elogiou também), concluímos o oposto: ele colocou a mulher dele para encerrar o relacionamento com a amante (minha amiga, Lídia). E deu certo: na outra ponta também estava uma mulher pouco interessada na manutenção entediante de um caso com um covarde. Sendo ainda mais sincera, acho que há uma extrema perda de glamour, de excitação, quando a pessoa se reconhece num triângulo comum e previsível...perde-se sabe-se lá mais o quê, porque não vi lágrimas nem lamentações da parte de minha amiga. Só vi curiosidade, do tipo 'como isso acontece?'; 'para quê?'. Talvez porque não houvesse valorização do homem, nem disputa por parte da Outra...
Todavia, a esposa
estava diante de uma rival; a amante só a viu a outra como outra mulher. Se ele
se deu bem? Provavelmente, sim. Já esposa traída, alcançou a paz temporária,
até que outra diferente venha e ela repita o ciclo.
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