Vivo a pedir a Deus
para poder esquecer os homens de quem gostei. Os meus relacionamentos sempre
chegam a esse ponto. Reclamo de mim mesma, protesto, faço promessas internas, me apego
aos defeitos do meu par; revisito situações desagradáveis e, depois, perplexa,
me pego em conversas francas com Freud, lembrando que ele disse que “ O EU não
é senhor em sua própria casa” - pois é,
há camadas desconhecidas, irracionais, inconsciente, subconsciente e um monte
de inquilinos ocultos a dar ordens e tomar cômodos e incômodos e “sub-locar” a
casa do Eu. Há momentos, porém, que a casa do meu EU se converte numa pensão
barata sempre a desafiar o senhorio.
Pois, bem: foi
esquisito e super esquisito constatar que eu não quero nada com o Poeta – sim,
o poeta, este de quem nada se fala, de quem pouco se fala e que, a bem da
verdade, significa tanto para mim quanto o futuro do Benfica em uma partida contra
o 15 de Piracicaba, isto é, insignificante, improvável e fora de cogitação. Mas, acontece que
ele fez malabarismos telefônicos para tratar comigo. Naturalmente, os tédios
matrimoniais e o peso das angústias bateram certeiro nele. Não sou a solução
para isso. Porém, não aguento mais a insistência e os rituais previsíveis. Não
é mera questão de repetir o ‘não’, mas a coisa estranha em que se torna esse
não querer e esse não gostar. Não gosto mais dele. Mal me lembro de quando
gostava. Lembro, entretanto, das dores da separação.
Sexualmente, ele foi
o homem que me trouxe maturidade sexual. Muito importante para mim, para a
minha vida. Talvez ele tenha se apegado a esse quadro da parede das memórias.
Isso me causa
angústias.
Tenho histórias por
demais acumuladas para contar sobre outras personagens – deixei de escrever
porque o tempo estava escasso.
O Poeta deveria
saber que nunca seríamos o que um dia fomos. Ele casou com outra. Isso tira o
glamour, tira camadas de matéria do desejo, estabelecendo em mim uma anulação,
como se ele não fosse mais homem -
admiro a obra dele, acho ele bonito e etc., mas o afeto foi embora e deu carona para o desejo.
Ele se tornou uma figura pesada, um lar para onde não se volta- entendo o “Mas,
já não há caminhos para voltar” – e mesmo que não se tratasse simplesmente de
um homem casado que se entediou do casamento, eu jamais voltaria à casa dele,
aos encontros de antes. Acho que romanticamente, por eu não assumir
relacionamento com ninguém após nossa separação, em 2020, ele acredite que
estou disponível e à espera dele; pode pensar que disputo vaga e aguardo convocação.
Nós, mulheres, passamos essa impressão porque tratamos com Amor a quem
gostamos, amamos ou queremos. Devo ter transmitido extrema confiança afetiva a
ele. Todavia, não dá, não tenho interesse no contato, se bem desejasse ser amiga.
Amiga é amiga com AMIZADE e sem SEXO.
Vivo a pedir a Deus
que me livre dos meus sentimentos pelo Homem de Capricórnio, de quem ainda
gosto e não deveria gostar, não quero gostar. E quando deixo de gostar fico com
um incômodo absurdo, com um cômodo vazio, com a vaga no coração...e o EU, que
não é senhor em sua própria casa, espera novos inquilinos. Meu EU: imóvel.
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