Quem não quer um relacionamento bom, com entendimento recíproco, carinho, acordos, cumplicidades? E diante de uma decepção amorosa ou diante da simples necessidade de esquecer, quem não deseja que tudo passe logo?
Para esquecer alguém, a gente precisa se convencer de que deve desistir, que o que a gente PRECISA é muito diferente do que a gente QUER. Então, se precisa esquecer, isso vai levar meses, ter altos e baixos, dores e angústias. E um dia passa. Apenas se ajude: crie coisas para se ocupar: um plano, um curso, uma meta...se precisar, viaje e fique longe, largue a vida do ser amado, corte laços e contatos; sustente sua solidão e um dia tudo finda.
Amar
não é divertido: é um exercício pesado que pode ser gostoso, mas também cansa e
desgasta.
Ao
contrário do que eu pensava, agora que não amo ninguém não estou melhor que
antes. Continuo sofrendo, só mudam as causas e os contextos. Mas, admito: é
melhor sofrer por mim mesma do que por terceiros.
Aliás,
há um prazer delicioso em poder dizer: “Dane-se! Foda-se!”, e não precisar mais
viver à mercê de correspondências afetivas.
Concordo
com meu primo: segurança é fundamental. Ele diz que mulher gosta é de segurança.
Eu me incluo entre estas. Não quero gente que não inspira confiança nem me dá
segurança. Definições, cartas claras, margens de certezas e poder contar com as
pessoas com quem nos relacionamos é a base de poder desenvolver o circuito das trocas.
A vida
volta para o eixo – um pouco mais vazia, porque eu já não amo e também não
tenho com quem sonhar. Sonhar é fundamental para tocar o barco.
O
Homem de Capricórnio já se convenceu que eu não vou atrás dele, que não escrevo,
nem busco criar coincidências. A gente se viu há uma semana, depois de dez dias
de tentativas dele de se aproximar de mim. Fomos ao cinema, conversamos
vagamente coisas aleatórias.
Depois,
um contato íntimo e sem sabor me mostrou o quanto eu desejava estar em paz na
minha casa. Eu achei que o amava, que tinha por ele os mesmos sentimentos de um
ano atrás. Não, não tenho.
O amor
acabou, a paciência e a espera também acabaram. Eu não sei se ele fez acabar ou
se esvaziou sozinho. Tem um resquício de um gostar, as doçuras de lembranças
passadas, esse tempo imemorial que turva a percepção e só nos dá resumos de uma
satisfação de outrora.
É
muito triste procurar o homem que eu amei e ver: não existe mais. Era o amor
que fazia este homem ser o Grande homem. Apequenou-se. Daí que eu fico
distante, ele diminui, não faz falta, não causa as preocupações da insegurança
que um dia eu tive, aquele medo da perda, aquele medo da falta. “E onde não queres
nada, nada falta” – não há mais o meu querer. A falta volta-se para meu umbigo.
Meu
analista me disse que tudo que agora vejo, é porque olho para mim.
Eu
disse que não me reconhecia. E é verdade. Cadê eu? São as minhas diferenças que
se mostram no espelho.
Vi o Homem
de Capricórnio e o meu coração não acelerou. Não tive coragem para mentir um “eu
te amo!”; não cobrei conversas nem acertos, não fiz propostas nem esperei
promessas. Acabou.
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