Louquética

Incontinência verbal

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Enquanto uns choram, outros vendem lenços


Fiquei perplexa quando ouvi no rádio, em algum programa cujo nome não me lembro:"Enquanto uns choram, outros vendem lenços!"
Aí estendi o raciocínio: enquanto uns morrem, outros vendem caixões;
Enquanto uns adoecem, outros vendem remédios...e assim por diante.
Nem parece, pela complementaridade dos atos que de tão repetidos tornam-se naturalizados, mas, de fato, há esses contrapontos e uma lógica de lucro em detrimento de alguma perda de uma outra parte.
Mas, é: alguém me dirá que sempre haverá uma outra parte a tirar proveito das situações. Entretanto, pergunto: e precisa ser assim? Nossos limites éticos são tão vulneráveis que fazem de nós indivíduos práticos?
Se for, que pena!
Não há mais tempo para a gente sofrer a dor do outro, de ter compaixão e solidariedade: aprendemos a praticidade e a tal da falta de tempo - queridos álibis.
Até o amor é prático.
Amor de pais e filhos: ter um filho como investimento, como proteção contra a solidão e as restrições da velhice;
Amor conjugal: pelas garantias supostamente dadas (econômicas, sexuais, afetivas, sociais);
Ah, é tanto amor, não é?
Deixa para lá.

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