Louquética

Incontinência verbal

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

O que é do homem...


Quem vem ao carnaval de Salvador, pela primeira vez, costuma dizer que ali está a Segunda maior Parada Gay da Bahia. E assim é que nos becos e nos blocos a pegação masculina rola solta - as moças homossexuais são menos visíveis.
Mas não estou aqui para falar do óbvio, mas do inusitado: costumo contar o meu estarrecimento quando, nos idos do final da década de 1990 (acho que 1997, 1998), por duas vezes distintas em contexto acadêmico, um rapaz veio me dizer: "Fiquei tão a fim de você e do seu namorado!".
A primeira vez em que ouvi isso foi na UEFS, de um colega de classe; a segunda vez, na Católica.
Não costumo acreditar em bissexuais: acho que são todos homossexuais com dificuldade em assumir suas tendências.
Aí, neste domingo de carnaval, estava eu quietinha em Ondina, vendo a folia correr, ao estilo pipoca, quando passa um gato ao meu lado, de mãos dadas com um cara, me dando alisadinhas na coxa esquerda, mexendo comigo durante a passagem deles naquele aglomerado, quando ele, já à minha frente, aproveita o descuido do companheiro dele, para me dizer entre palavras e gestos, que se ele não estivesse com aquele cara, ali, queria ficar comigo...E desceu o galanteio.
Onde já se viu? Fiquei pasma! Ora, se já é difícil namorar homem, quanto mais namorar gente que se atrai por homem e por mulher?!
E as chances de estar em meio às crises de identidade sexual que esse povo passa? Não vê o que ocorreu entre 2014 e 2015 comigo, no intervalo entre um Congresso e um concurso? O gato que eu conheci no congresso enlouqueceu, de cara, por mim. A recíproca foi verdadeira...Depois, a história começou a correr, e já na casa dele, depois de muita coisa, ele me disse que era gay e não sabia o que estava acontecendo, que não entendia  a excitação, nem todo o resto que ele sentia, nem as reações do corpo a essa atração. Bom, para quem já é bem resolvido, deve ser dureza passar por isso. Ele sofreu muito, teve crises horríveis, vieram os amigos falar comigo, vieram os íntimos a dar conselhos...Eu continuo sem entender, porque o sacrifício que dá para sair do armário não compensa tantas dúvidas. Mas, por mim, ó: que seja todo mundo feliz, bem feliz!

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