Louquética

Incontinência verbal

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Sinfonia de cada um num canto...


Como não poderia deixar de ser, basta vazar um centímetro de informação sobre nossa vida amorosa, que aparece gente a semear os germes da discórdia.
Por incrível que pareça, meu querido poeta deu uma escorregada daquelas, inesperadas: zangou-se, enfureceu-se, indignou-se, ou, em bom vocabulário nordestino, 'retou-se' comigo por causa de ciúmes de uma postagem no Facebook, em que não apenas eu voltava a elogiar o Mr. Darcy, personagem da Jane Austen, como também declarava que ' apesar de o Mr. Darcy não existir, era ele ele que eu queria". Agravei, dizendo que, então, até lá 'I am a single lady".
Não é novidade para ninguém que eu não assumo meus namoros na vida social ampla e muito menos na rede social. Acho ridícula essa onda de que mesmo estando juntos há meses, quem assume a seriedade do namoro seja o homem. Nada feito! Eu que assumo! Mas, no caso, não assumo nada!
Mas ocorreu o lapso porque ele estava em minha página, viu, leu e procurou flerte com a moça que postou para mim. A intenção era mostrar que a gente ia se separar por causa da amiga que causou a confusão...
Típico caso adolescente, ele perdeu feio. Não está mais em minha página e ainda minha amiga o refutou, não entrou no jogo...E até ele confessar o erro e as intenções, piquei a minha mula para o carnaval, dei o caso por encerrado e não posso negar que, do poeta, ouvi os piores adjetivos que alguém pode ouvir. Ouvi calada. Eu também sei xingar, mas xingamento não é argumento e, mais tarde, eu sabia que iria me valer disso para desmontar as teses dele e mostrar que ele se exasperou, que estava descontrolado e que foi injusto.
No contra-ataque, a estratégia dele foi jogar com as minhas saudades. E está aí um recurso que me derruba no primeiro round.
Imagine se um ser humano lindo daquele, com pretensa maturidade, iria admitir que ficou irado com ciúme de um ser de papel, uma personagem literária?!
As águas rolaram. Sofremos nós dois, cada um no próprio canto - eu aproveitei a folia desse carnaval, que foi meu melhor desde o ano de 1999, vi amigos queridos e escorreguei em outros braços porque, como tinha dado por terminado meu namoro e F., meu rolo da Politécnica, aguardava na fila há mais de um ano, pensei, pensei, pensei de novo e resolvi ir vê-lo. Gostei do que vi e valeu a pena;
Meu amado poeta picou-se para a Chapada Diamantina, em busca de trilhas e sossego e, com certeza, não ficou por lá sozinho.
Dada a situação, vem a porcaria do vazamento público da informação e lá vai ele falar de mim para uma terceira pessoa que ele nem sabia me conhecer. Ainda bem que falou bem.
Falou que eu era diferente, uma pessoa muito boa e surpreendente, mas que era viva, catava coisas, fazia conexão de dados e frases soltas e por isso a gente brigava, porque ele aprendeu a notar que eu fingia acreditar nele e isso gerava uma situação circular, porque ele odeia que duvidem dele...Coisas de casal.
Mas já está tudo bem. Depois de tantos dias de frases curtas e sutis... A gente se gosta e se entende.
A gente se entende muito com o corpo e com as palavras.
Contudo, ele me subestima: acha que minha vida é fácil, que eu não sei nada da vida, que sou uma patricinha estudiosa e amorosa...Acha que, como toda mulher, ainda sou muito menina.
Entendi o ponto de vista dele. Ele escolheu o recorte, o foco o ângulo e o prisma da imagem que construiu de mim.
Quando eu joguei a misoginia dele na cara, ele ficou impactado e perdido: desci a desconstrução dos argumentos dele, só porque valia a pena vê-lo perdido. Ele admitiu, ainda mais perdido - como quem pegou a si mesmo em flagrante e fora surpreendido, ao mesmo tempo, por uma plateia atenta.
As piores coisas que teríamos a passar, já passaram e nos puseram à prova...Mas amores são sempre imprevisíveis mesmo.
Ele busca formas indiretas de me perguntar se é amado, se é importante, se isso e aquilos da vida, do sexo, da intimidade...As respostas são todas positivas, claro: eu não iria delongar um caso que não me trouxesse satisfação e não ficaria indiferente a quem me satisfaz. Apaixonada eu não estou; amor, ainda não é...E ele sempre ronda essa questão, sem saber que segurança não é isso.

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