Louquética

Incontinência verbal

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Minha vida, minhas escolhas...


Ainda hoje tenho que ouvir insultos e justificar o fato de eu não desejar ser mãe. De novo, tenho que dizer claramente: "Olha, nunca me bateu o barato de dizer e pensar: Woohoo, filhos!!! Nunca fez parte dos meus sonhos, dos meus planos, de minhas metas...Desde os 13 anos".
Difícil é crer que alguém ainda se importe com o rumo que eu venha a dar á continuidade de minha linhagem.
Impossível é fazer alguém entender que alguma mulher, tipo eu, não vê graça em maternidade, em gestação, em filho, em família nuclear padrão, em cerimônias correlatas...
Os que não entendem procuram justificativas para tal anomalia: atribuem ao fato de eu gostar de estudar; a medos e traumas; a incapacidades psíquicas e intelectuais e etc...Quase sempre chegam ao veredito de que têm pena de mim e que no futuro eu vou me arrepender. Minha felicidade, que jamais dependeu de filhos, é uma construção minha e de minhas vivências. Ter filhos não dá garantia alguma a não ser a garantia de que a mulher vai ser mãe.
Perseguem quem segue o padrão. Não é para ser rebelde: é que o modelo não fica bem em mim, eu não caibo nessa roupa, nesse modelo, nesse padrão.
Como disse Valério, pode-se ser útil à humanidade de várias formas.
Tenho pena, também, de quem casou para calar a boca dos parentes e da sociedade; quem teve filho para não encarar a vida a seco...
A verdade incomoda. A escolha verdadeira também. Não ir com as outras me cobra um preço alto, de ouvir liberdades de gente folgada que se acha dona da verdade. Eu até faria a vontade de todos, mas acontece que essa vida aqui é minha e o que eu fizer dela, recai diretamente sobre mim.
Da diferença entre TER filhos e SER mãe, a gente consegue pegar o fio condutor da posse, da vaidade e do egoísmo que, é claro, estão sob o comando coletivo da obrigatoriedade de parir.
Gosto de crianças, me divirto com elas e defendo a liberdade de decisão de ser ou não ser mãe, por achar justo que nem todo mundo vai aceitar imposições da mesma forma e nem todo molde servirá para nossas escolhas.
Se não houvesse esse povo forçando a barra, querendo impor comportamentos, talvez tivéssemos  mulheres mais felizes, porque decidiram por si mesmas e não pelo medo de serem esmagadas pelas opiniões contrárias.
Tenho noção da responsabilidade de criar um filho, do ônus financeiro, das obrigações morais, do esteio psicológico que é preciso ter para dar...No todo, sou responsável e sou, antes de tudo, responsável por minha própria vida.

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