Louquética

Incontinência verbal

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Pulso



No fundo, acho engraçadas as tentativas infantis dele, de me persuadir...O esforço para obter minha concordância, minha aquiescência a respeito de algum ponto de vista a meu respeito, como se houvesse uma necessidade substantiva de me enquadrar em algum modelo prévio de ser, em alguma classificação razoável, em alguma coisa definível e exata, que lhe poupasse as surpresas.
Fui postar fotos de um vocalista de banda, uma banda baiana que eu gosto muito e em cujo show eu estava, sábado passado...E ele resolveu voltar à academia, depois de anos afastado...
Nunca ele ira admitir a relação entre as coisas. Ele, assim, como GP (oh triste coincidência), tem ânsia por encontrar meus significados...Uma forma de dominar é conhecer; uma forma de conhecer é classificar.
Esperam de mim comportamentos padrão que não me interessam. E eu dou muito trabalho...
Já fui de impulsos. Hoje, sou de pulso...Arrogantemente forte - literalmente forte, arrancando olhares surpresos na academia, frente aos pesos que manipulo nos meus exercícios, com naturalidade, mas desproporcional ao meu peso e ao meu perfil físico. E não é por arrogância: tenho braços fortes. Magrelos e fortes. Suaves, porém para abraços...E quando me ponho sobre Ele, ele diz: "uma pluma". À leveza de meu corpo não corresponde uma leveza no resto.
Ele teme o meu tédio. E eu sou um poço de tédio...Incapaz de ver mais de duas vezes um filme muito amado, exceto se se impuser um intervalo de muitos anos para isso. Ele se assusta com os meus tédios e promete aderir às minhas sugestões ou às incursões que minha pedante independência faz.
À parte isso, cá estamos, com nossas existência, observando o mundo e o mundo dos outros; as relações dos outros, arrastadas mais por medos e temores de litígios em cartórios e instâncias jurídicas, do que por amor. Amor sempre acaba. Onde quer que se saiba, onde quer que caiba, o Amor sempre acaba...Ele sabe disso. Eu sei, também. Resta torcer para que o lado a ser contemplado com o fim nos favoreça.
Ele esconde de mim todas as fraquezas, por isso persegue às minhas. Eu guardo elas direitinho, porque são minhas. O amor de hoje sempre pode se converter em inimigo, de qualquer das partes. E se um inimigo sabe nossas fraquezas...ai!lascou-se tudo. Terrível isso: dividir o leito, uns sonhos, uns prazeres, uns segredos...dar ao outro parte do seu tempo (não se engane: nosso tempo é nossa vida; 30 minutos com alguém são 30 minutos de nossa vida que estamos dando a ela...Damos, perdemos...Raramente dividimos, pois que o ser humano não é propenso a equidades. Não obstante, a presença física nem sempre corresponde a uma presença real. Pode ser tudo figurativo)...Depois, converte-se essa pessoa num inimigo odiável.
Amor metaforizado em seu oposto. Nossa Senhora me defenda!
Não sei por que confundem o Realista com o Pessimista, mas aqui sou eu advogando em causa própria.
Às vezes, Ele (o poeta) é bem chato. Fico como bicho na jaula, só olhando o movimento externo às minhas grades, num sufoco de atacar ou de fugir...Mas faço o jogo sonso com as coisas, uso o tempo para pensar melhor no que quero...Fico analisando ele, mais do que dou a perceber...Às vezes concluo que perco tempo nisso e, realmente, declino e ficar procurando coisas, respostas, compreensões...Mas quando isso acontece, é sinal de indiferença, de desinteresse, é sinal de que no mercado dos valores simbólicos, as ações dele estão em queda...
Valem, ainda, para mim...Mas estão em queda,,. Será que ele não vê? Miopia afetiva, nesse mundo em que sentenciam que o amor é cego...

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