Louquética

Incontinência verbal

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Sobre os teus ombros


Gosto tanto dos ombros dele quanto ele gosta das minhas costas. Gosto daquelas imperfeições minúsculas, que são as espinhas, que dão uma textura suave de açúcar cristal à pele doce que ele tem...doce e branca, que fica marcada pelo batom.
Ontem ele me disse que eu o feria com meu carinho, com minha doçura e que nem percebia. É que andamos brigando...Brigar com ele detona meu dia...Ele se calou, se controlando, para não me dizer coisas que iriam me deixar irada.
Fez a parte dele para a gente não terminar.
Eu achei que eu tinha razão.
Depois, vi que a razão era dele, toda dele...Cobrei o que nem eu pagaria, joguei alto e blefei absurdamente...A consciência me aconselhou a pedir desculpas... Ele não disse que me desculpava...Depois foi que ele demonstrou que me desculpava. Mas me disse tudo que extrapolei, onde errei, onde exagerei e eu prefiro assim mesmo.
Eu disse que briga a gente deixa para travar com os inimigos, não com quem a gente gosta. Antes de mim, ele soube que não valeria o desgaste. Assim, fez-se a paz...O amor também, porque os corpos comemoram a paz de uma outra forma.
Cheguei bem perto das dores dele. Temi a intimidade. Queria que nunca passasse disso, desse namoro eterno não-reconhecido legalmente, mas praticado e exercido na lisura do nosso recíproco querer.
Ele canta feliz, ao tomar banho, sempre que a gente fica bem: acordes que acordam para a vida, para a cumplicidade...Sabemos que não é amor, mas é intenso e saboroso.

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