Está tudo bem. Não deixo de escrever porque estou
feliz, nem sou de ter as frescuras dos escritores profissionais que alegam só
saberem escrever nos momentos de dor. Não: andei ocupada.
Também notei que não fico à vontade sem privacidade.
Não sei escrever com pessoas olhando em cima dos
meus ombros.
Hoje eu resolvi escrever para expurgar meu
desconforto com um povo desequilibrado que pensa que me ama ou que, declaradamente,
me deseja sexualmente.
No primeiro caso, o ex-Grande Amor da Minha Vida,
que não se toca que acabou e acabou há muito tempo. Ele escreve (se ligar, não
atendo) para reclamar da escassez de e-mails, de notícias, a choramingar poemas
e atenções de outrora.
Os casos a seguir são piores: 1) O amigo de outro
ex, que se tornou marido de uma conhecida, depois de deixar declarações afetivas
claras no Facebook para mim (excluí, para evitar problemas), abriu um bar
temático na cidade e todo dia me chama para ir lá, de modo que já usou de todos
os meios possíveis para isso. Cola e stalkeia minha vida, meus perfis, meus
passos, meu status...
Da primeira vez que o excluí, no minutos posterior
ele mandou novo convite. Ou seja, estava de olho em mim naquele momento.
Vive tentando forçar as coincidência. Sabe onde moro
– se era amigo de meu namorado de outrora... – e me conhece há uns 20 anos.
Caso perdido: mesmo eu demonstrando interesse em outro amigo em comum, numa
situação social em que nos encontramos, ele volta ao mesmo ponto, declara com as
mais bonitas e bem escolhidas palavras, o quanto quer ficar comigo.
Acho a esposa dele linda. O meu poeta também acha,
mas ele nunca saberá dessa história. Até porque, sou feliz com quem estou,
apesar de toda lisonja que eu pudesse obter da situação.
2) O outro caso é muito sintomático, também de gente
que está na tocaia há uns anos, também dono de casa noturna.
Ele fez duas perguntas que, para mim, devolvem a
resposta sem necessidade de minhas palavras: “Por que você nunca ficou comigo?”
(e eu só disse ‘não sei’ porque fiquei constrangida); “Por que você nunca
telefonou para mim?”. Bom, nunca fiquei por não querer ficar; nunca telefonei
porque não tive o menor interesse. Nesse mesmo dia das perguntas, às cinco da
manhã, ele me ligou. E como obteve o meu número? forçando a barra.
3) Ex-aluno, ex-cunhado e ex-pretendente: esses se
seguram em público, mas rastreiam fotos, meus passos, minha vida, perdem os
olhos em cima de mim; terceirizam perguntas, examinam minha fisionomia, catam
meus relacionamentos.
Não me orgulho de nada disso. Tenho pavor desse povo
que quer a gente custe o que custar. Esses, que fariam qualquer coisa para
ficar com a gente, me fazem ficar apavorada.
Demoram a ler ou não aceitam a interpretação de meu
desinteresse. Costumo dizer ‘sim’ quando quero e ‘não’ ao que não quero.
Decerto, hesito se houver situação em que caiba dúvida, mas não é esse o caso.
Se eu quisesse, não adiaria o prazer de realizar o desejo. Mas, agora, desejo é
paz.
Não vejo isso como vitórias para o ego. Vejo como problemas, como impeditivos para boas amizades. Só.
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