Resolvi
intitular essa postagem como ‘uso desproporcional da força’, devido a um fato
ocorrido hoje. Na verdade, o fato a ser relatado foi apenas a culminância de
uma tendência que se desenha num grupo de what’s app que eu participo, mas a
narrativa da situação particular é porque sei que ela se generaliza.
Um amigo
homossexual enviou para mim um vídeo debochado, de brincadeira, onde um ator
homossexual pede ao seu suposto companheiro para sair do armário. Até aqui
todos eles sabem se tratar de uma brincadeira e todos, igualmente, são pessoas
respeitáveis que, por uma dose de humor escrachado, não prescindiram do
respeito próprio.
Repassado ao
grupo, a patrulha do politicamente correto aviltou, atacou o vídeo, a pretexto
de que o ator se prestara “àquilo” e o que era um momento de leveza virou um
debate denso, chato, repetitivo e desnecessário haja vista o perfil do grupo e,
em particular, o meu próprio.
Há lições que
devem ser dadas a quem desconhece as causas, às pessoas verdadeiramente
preconceituosas que, ainda assim, não merecem ataques: merecem educação.
Merecem, ainda, uma chance de compreender as coisas que lhes são objeto de
preconceitos, sob outros ângulos.
Como eu disse,
essa foi a culminância de um processo. Faz tempo que não se pode rir de nada –
nem de um estereótipo, nem de um inglês deturpado de um bêbado num karaokê.
Tudo foi obrigado a se submeter à sisudez do discurso político. E eu fico
pensando em quantas minorias eu me encaixo mas, ainda assim, sei discernir quem
me ofende e quem simplesmente brinca; sei o que é um estereótipo e as estratégias
usadas para diluí-lo.
Vejo nisso o uso
desproporcional da força – da força retórica que poderia estar a serviço de uma
causa real ou contra um verdadeiro elemento opressor de minorias; da força
simbólica para cooptar consciências e se colocar a serviço da conscientização,
da educação das relações sociais...
Afora isso,
criou-se uma barreira interior em mim, de modo que não me sinto mais integrante
do grupo, não me sinto à vontade e não vou permanecer em eterna vigilância para
seguir o script para só rir do que é permitido, para ser coagida a concordar
com pensamentos ortodoxos, engessados nas bandeiras das causas pessoais.
Depois que a
gente cresce, passa a ter escolhas. Eu escolho também aquilo a que me permito
me submeter e, sendo assim, não quero me submeter a isso não. Estou fora!
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