Não é a primeira vez
que me pego afogada em trabalho desprazeroso, apenas para ajudar a um amigo que
está sempre sendo explorado pelos próprios sonhos, porque ele inclui pessoas em
projetos, revistas, cursos de mestrado, mil e um periódicos redundantes em tema
mas, as referidas pessoas, gostam de ver seus respectivos nomes figurando nas
redes de produção científica, entretanto, não cumprem prazos.
Peguei um texto
horroroso para revisar. Horroroso, mal de escrita...um amontoado de pronomes
relativos, intercalados a expressões científicas da moda, que precisa ser
reescrito por quem o revisa (eu), pois não tem sentido algum e chega a uma conclusão
óbvia. Trabalho quadruplicado para mim e não obstante o labor, o desprazer me
deixa lenta, em assumida má vontade. Moeda horrível para endossar o cheque da
sobrevivência acadêmica de um doutor incompetente na linguagem escrita. A gente
se pergunta como foi que o ser humano citado conseguiu escrever uma tese!
Meu ex-namorado,
formado em química, escrevia muito mal. Dá-se o desconto pela área de atuação,
mas desconto não é isenção.
Num texto informal,
de internet, a gente escreve com leveza e certo desleixo semântico. Muitas vezes, eu sequer volto ao texto para
acrescentar o que falta de termo ou letra, ou para remover o que excedeu e se
repetiu...Todavia, na escrita formal, a gente anda na linha, especialmente
porque deseja ser compreendido.
Uma das grandes
desculpas das pessoas medíocres, desonestas, fraudulentas, preconceituosas e
criminosas, quando flagradas em áudio e vídeo, é alegar que a filmagem foi
tirada de contexto. Como maridos flagrados em traições, jogam o “eu posso
explicar, não é nada disso que você está pensando, isso não foi bem assim”.
Sabemos que são meras desculpas de quem só pede desculpa para se livrar de
processos ou perdas (perda de contrato comercial, se forem artistas; perdas de
mandato, se são políticos; perda de dinheiro, de prestígios, etc). Imagine no
mundo da escrita, o quanto as coisas podem ser...
A propósito, manipulam
muito os sentidos de declarações, de textos, de livros...E como a preguiça é
cômoda, vamos repetindo o que dizem que foi dito nos livros que nunca lemos –
aqueles, muito citados e pouco lidos.
Confirmo, com declarada
inveja, meu despeito para os que vivem a quarentena em clima de férias, sem
compromissos, sem horários, sem regras.
Tirei o domingo para
ver dois filmes no Canal Brasil e senti a maior culpa pela recreação:
deixei o texto maldito de lado, atrasei a leitura e a devolução...
Senti vontade de
dormir como se não houvesse amanhã, de não atender ninguém por meio algum e
ficar na caverna, nesse frio de 17 graus em Feira de Santana, na noite de hoje,
29 de julho de 2020. Tive esta mesma vontade ontem. Nada feito. Aliás,
expressão errada, já que estou sempre fazendo coisas.
No Facebook
eu não dou as caras há quase um mês.
Fiz uma conta no Instagram
a fórceps, há uns 15 dias, por obrigação, a fim de acompanhar cursos e lives.
Mas, lá eu pouco estive.
Odeio as lives
que se multiplicam em convites chatos, intimidatórios, cheios de cobrança...
As que me
interessam, perco a data e o horário.
Deus me livre de
lives: já estou morta de tanto ser importunada por elas.
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