Perco a paciência com alguns comportamentos masculinos infantis: se não é gostoso discutir a relação (exercício de extrema paciência a que não costumo sujeitar os outros todo dia), também não é agradável falar eternamente pelas entrelinhas.
Quando Dexter me cobrou segurança, quando deu indiretas de que não confiava em mim, me entediei. Ui! devo parecer o estado de São Paulo! Nada de segurança.
E até pode ser verdade: não quero ser a tola que não oferece certos riscos, não quero que a segurança do outro em relação a mim vire um excesso de auto-confiança, um convencimento que atue contra mim.
Certa vez sonhei que um namorado meu escrevia um poema para mim. Memorizei este poema:
Mara
mulher
mulher nua
rua sem trânsito.
Nunca fiz poema. Nem sei fazer poema. Esse, mesmo em meu sonho - e, logo, de autoria do meu inconsciente - pertence a esse meu namorado da época (Ricardo) e uma das interpretações que recebi foi de que o poema se referia à rua sem trânsito por ser deserta, perigosa.
Outra interpretação dava conta de que era a imagem da solidão, porque o ponto de concentração da análise é a rua sem trânsito.Em outro foco, é a nudez que paralisa, que é o perigo: sou eu.
Mas, a rua sem trânsito alude, sim, à ausência de segurança.
Ora, se Dexter me pedisse um vigilante eu até daria; mas segurança custa caro.
Tudo bem, na verdade, eu me ofendi.
Não sou digna da confiança dele, não ofereço segurança.
E o que lamento é que tudo estava tão bem entre nós... tudo começando, a gente se divertindo juntos, esperando um pelo outro, trocando mensagens, idéias, outros planos de confiança...e aí me vem esta chatice de cobrança...poxa, o cara parece o SPC! é muita cobrança, meu Deus!
E eu nem sei como pago minhas contas, minhas dívidas financeiras; e então vem ele com as dívidas morais.
Não nego: passei tanto tempo só. Tenho medo de que Santo Antônio me abandone...mas, como cantou Elis Regina, "É você que ama o passado/ e que não vê que o novo sempre vem"... então, que venha o novo!
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