Louquética

Incontinência verbal

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Mi casa, su casa.


Há um tempo atrás eu achava terrível quando ouvia expressões do tipo: "Enjoei daquela pessoa" ou "Enjoo muito rápido dos relacionamentos"...Isso equivalia, em minha interpretação, a dizer que há pessoas descartáveis.

Há pessoas com as quais, de fato, não devemos manter contato prolongado, independentemente de serem boas ou más. Talvez eu seja uma delas, mas no sentido da minha vida particular, de minha casa.

Dizem, de uma amiga, que ela tem prazo de validade. Acho que eu também: minha tolerância, meu humor e minha paciência expiram.

Não gosto de ficar em companhia de ninguém por mais de três ou quatro dias consecutivos: enjoo!

Fora isso, nem gosto de estar na casa de outrem, nem gosto que ninguém se detenha na minha.

Não sou de fazer visitas e não gosto de ser visitada com assiduidade.

Passei dois anos no mestrado escrevendo sobre a solidão. Lógico, eram as imagens da solidão na poesia de Iderval Miranda, era um prisma Literário, ao passo que um prisma biográfico.

Gosto da minha individualidade, gosto da minha casa. E gosto da minha solidão.

Gosto que meus amigos apareçam, que tomem vinho na sala, que brinquem comigo, que fiquem até a madrugada ou que se esparramem e durmam pela casa...gosto de aconchegá-los, de mexer nos cabelos deles, de ver filmes que eu não consigo assistir porque eles estão conversando, gosto de ficar perto de todos eles, mas é aquele momento, a magia do momento.

Em Salvador fico em casa de minha amiga e não é menor minha preocupação com essas coisas.

Todo bicho precisa ter sua toca, por isso ando devagarinho, com medo de alterar a rotina, impor cheiros, hábitos e alimentos...tenho medo de incomodar porque sei que incomodo, de alguma maneira. Neste caso, a minha chatice é análoga ao cuidado e ao respeito.

Quando vou dar aulas sou compelida ao convívio coletivo. Batizei a casa dos professores de Bigbrother, porque de alguma forma é uma jaula humana, com as intrigas, as festas e outros aspectos do reality show homônimo.

O melhor lugar do planeta Terra é a minha casa, com todas as suas faltas, com seus defeitos, com suas árvores, com um sol da manhã que só há aqui, com meus cantinhos e meus cheiros, com suas confusões e bagunças, com as folhas que caem do telhado e me tiram do sério... como um caramujo, se eu pudesse, levaria minha casa comigo por onde quer que eu fosse.

Quando amanheço em minha casa, o café da manhã é o melhor do mundo.

A rádio toca sempre as melhores músicas quando estou em minha casa. Aliás, eu não vivo sem música:só quando estou na casa dos outros. Sou louca por música!

Meus gatos se assanham com meus movimentos, querendo entrar em casa; meus cachorros pedem a comida, entendem que eu acordei: é a casa fazendo barulho, se mostrando viva.

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