Louquética

Incontinência verbal

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Os livros


Rapaz, não mexa nos meus livros!eu não gosto de emprestar os meus livros!Eu gostaria de não ter que repetir isso. Eu não consigo nem mais dizer isso, de tão óbvio, de tão claro!
Poxa, os livros são meus instrumentos de trabalho, meus instrumentos de diversão e de informação, meus companheiros intelectuais do doutorado...e eu procuro comprar os livros para que eles sejam meus. Danem-se os que me acusarem de egoísta. Certamente,estes não sabem do meu desespero ao procurar um livro meu e nao achar; não sabem do caos e da angústia que é precisar deles e não localizar: eu, que ralei para pagá-los e me consumi na angústia da espera pelos correios ou nas aflições das edições esgotadas e, até, no escrutínio dos sebos em outras cidades distantes.
JP não entende isso e eu tenho que gritar e me ver ignorada porque ele acha que a minha estante é de livre acesso para ele. Não é. Não gosto de emprestar livros, cacete!
Há estas coisas que me fazem sofrer a violência simbólica das pessoas, como se fosse uma afronta ou como se estas pessoas procurassem impor seus padrões para/sobre mim:
1)Não quero ter filhos, esqueçam essa ladainha chata sobre a maternidade. Eu não quero. A menos que alguém me estupre ou sabote os meus métodos contraceptivos, nada de filhos. EU NÃO QUERO. Aceitem: vou contrariá-los eternamente;
2)Não quero emprestar livro nenhum a ninguém. Pode se morder, se suicidar, me praguejar: é meu o livro. MEU!
3)Odeio álcool. Não gosto do sabor amargo nem do queimor absurdo das bebidas. Não bebo porque NÃO GOSTO. Ora, dane-se a insistência.
4)Por que é tão difícil entender que eu odeio amigas secretas e similares? gente, não me chamem para isso. A resposta é invariável!
5)Homens, eu sou independente. Se mexer comigo, eu reajo; se me incomodar, eu pulo fora, não vou esperar por ninguem, por nada... não quero mudar para agradar ninguém. Está difícil?
6)Não consigo ser tendenciosa com os que eu amo. Então, meu querido amigo, se você sabe que fez algo errado; se você beneficiou os seus chegados em detrimento de quem merecia mais; se você foi injusto; se você perseguiu alguém ou negligenciou a competência e o interesse particular de alguém que não merecia ser sacaneado, sinto muito, não passarei a mão pela sua cabeça. O errado é errado, ainda que isso reflita contra as pessoas que eu amo.
Vivo num mundo dividido entre preteridos e preferidos, mas não quero me orgulhar de reproduzir isso; nem darei apoio a quem beneficia seus comparsas ou aqueles com quem são divididos os segredos.
7)Quando é que alguém vai se tocar de que eu realmente não acho que haja nada escrito em lugar algum, que eu não acredito em Destino e em outras viagens loucas do tipo: "nada acontece por acaso"?!Eu acredito no acaso e não aguento mais falar isso.
A vida é gratuita, não tem script; você não colhe aquilo que planta, não. Traduzindo: aprendam vocês a praticarem a justiça, sem esperar que ela aconteça indiretamente.
8)Minha decepção é sempre maior com aqueles que prezo. Não há curativo, band-aid ou transfusão que restaure a integridade afetiva de uma amizade que resvalou numa grande decepção.
Por amar, sinto a dor da decepção como um luto e uma perda irreparáveis.
9)Não gosto de ser tratada como comadre de aluno, nem trato aos meus superiores hierárquicos como se fossem meus compadres.
A igualdade é uma postura, uma forma e uma ação que a gente adota em relação à vida. Socialmente, as pessoas são diferentes e merecem que a linha divisória entre a intimidade e a vida profissional/social seja clara.
Camaradagem, sempre. Intimidade, só para os muito íntimos. Não quero acordar perto do meu chefe, nem dos meus alunos. Não entendeu? vá ler o capítulo "A casa e a rua ", do DaMata.
10)Eu respondo por mim. Se você acha que eu disse algo, seja ruim ou bom, pergunte a mim. Eu me responsabilizo pelo digo e pelo que eu penso e costumo assumir minha palavra. Se eu disse, não vou negar. Se eu fiz, não vou mentir.

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