Louquética

Incontinência verbal

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Eu sei o que não fizemos no verão presente...


Eis o meu verão em sala de aula, para compensar os dias de greve que não fiz, mas já que fui para numa instituição Federal, só me resta dançar ao ritmo que me foi determinado.
Estamos todos cansados. Pior: temos inveja dos outros, que podem bronzear seu bumbum ao sol, enquanto a gente morre de calor em salas com condicionadores de ar eternamente quebrados.
Passando desta questão a outra, na condição de professora ainda interrogo como é possível que alguns alunos que já caíram na zona de rebaixamento, reprovados por falta ou com médias irrecuperáveis, ainda frequentem minha aula.
Na geração do CTRL+C, CTRL+V, me aparece cada trabalho! cada prova! e uns tipos, uns turistas, e os outros, os da repescagem. Estes últimos são umas figuras.
Acabei de receber por e-mail, por exemplo, uma resenha sobre A hora da estrela, de Clarice Lispector.
Achei louvável que alguém pudesse fazer um trabalho sobre uma obra batida e debatida e, não obstante, apresentar uma discussão tão profundamente rasa. O caso é que eu jamais pedi o trabalho ou apliquei a obra em sala. Vamos traduzir: a aluna jogou o barro para ver se colava. Pegou trabalho de outras pessoas, de outra disciplina e tentou o que podia, certamente crendo que nao seria lida ou que eu seria boazinha.
Que me perdoe a Macabéa, mas bom senso é fundamental - e que Deus me perdoe por usar o sagrado nome da personagem principal da obra da Clarice.
Falando nela, oh, pobre defunta que sofre!
Foi preciso que fundassem/criassem uma página no Facebook chamada "Clarice não disse" porque não só há apropriação indébita da spalavras da autora, descontextualizadas, como inventam coisas que jamais foram ditas ou escritas pela referida senhora.
Para arrotar erudição mal digerida, os leitores de rodapé se fazem de sábios e ainda, quando surpreendidos no ato do delito, declaram que ressignificaram a obra.
Sei é que dizem por aí que nossa educação vai mal.
Eu sei que isso de transferir para o governo o que é responsabilidade individual dá certo.
Educação e formação são processos e envolvem múltiplos fatores - materiais, sociologicos, psicológicos e etc - mas ninguém quer deixar claro que há uma responsabilidade no aprender. As partes envolvidas têm que participar.
Desde cedo a gente reproduz para as crianças que o que dá uma boa educação é uma boa escola e professores qualificados. Não dizemos que quando se tem professores qualificados e boas escolas, precisamos que os alunos assumam sua parte, que tenham responsabilidade e não suponham que passivamente serão depositários de conhecimentos, informações e dados.
Excetuando isso, dou risada dos tipos, bem mais dos que querem recuperar o semestre em uma semana e inventam desculpas absurdas para ausẽncia e para suplicar a décima oitava chance...Pior, para suplicar os décimos que os separam da linha de reprovação. E olha que a média mínima é cinco: baixíssima nota!
Como também fui aluna, acho humilhante suplicar  acho terrível ser medíocre, fazer as coisas na Lei do Menor Esforço e depender de favores e simpatias dos professores. Nunca desci a tal ponto!
Devido à Copa do Mundo, tem muita gente com o pé na sala de aula das escolas, , antecipando o labor escolar a fim de estar livre no período da disputa . Verão complicado para eles.
Guarajuba bombando, ondas leves, água agradável, litoral delicioso... Mais perto, piscinas convidativas, mas o povo está na vibe do ano letivo e os semestres inacabados - devo esclarecer que nas universidade federais, 2014 nem começou e terminamos nas semanas seguintes o segundo semestre letivo de 2013. Antes disso, sala, sombra e água fresca (para suportar  calor).

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