Louquética

Incontinência verbal

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Cama e mesa





E o que eu posso dizer é que estive sem computador até às duas horas da manhã desta segunda-feira, dia seis de janeiro, quando finalmente a assistência técnica de Héber pôs fim ao meu sofrimento.
Saudades da escrita louca deste blog, das histórias que se perderam expiradas, extintas pelo tempo e pelo menos uma grande história para contar, não porque seja ela grande, importante e extraordinária em geral, mas em minha vida, nos meus particulares, porque sempre achei que uma das coisas mais grandiosas que a vida oferece é a chance de desejar e ter o que se desejou. E quando o que a gente desejou supera os sonhos, as ilusões e as expectativas, melhor ainda.
Conto, então, que R. foi muito delicado ao me convidar para almoçar com ele hoje, no restaurante chinês que amo. Delicadeza e educação que eu não via nos homens há tempos, porque não estava em jogo apenas uma refeição compartilhada, mas nossas recíprocas estratégias de aproximação, conquista e ânsias pessoais que, em paralelo, convive com um desejo recíproco de conversar, de discutir, de estar juntos. Delicadeza porque até chegar ao sexo se construiu um caminho, um modo, uma espera, uma paciência...
Ele me convidou já advertindo: “Quer almoçar comigo, amanhã, no T.? se não quiser, não tem problema”. E eu achei que ali estava oculto o medo de receber uma resposta negativa, uma hesitação de que talvez eu não estivesse a fim... Depois isso se reforçou num SMS me pedindo para avisar caso algo acontecesse, a saber: se eu desistisse do almoço, avisasse a tempo no dia seguinte.
Até dei risada de mim, porque cantarolo na cabeça trilhas sonoras imaginárias: “Se acaso me quiseres, sou dessas mulheres que só dizem sim!”. E disse sim a tudo que eu queria. Disse também os nãos ao que era indesejado... E como tínhamos muito assunto, o almoço foi das 13 às 16 horas.
Quando ele me propôs ver um filme, o filme era realmente um filme, e dos bons – depois falo do filme em si. Mas houve a delicadeza de que, enquanto adultos, livres e vacinados, reciprocamente desejantes e conscientes dos desejos, viveríamos as etapas até que alguém tomasse iniciativas com a aquiescência do outro.
Dentre os meus ‘nãos’ mais recorrentes e previsíveis, ele me fez declinar de uns. Acho incrível quem consegue me convencer a gostar do que não gosto, não por manipulação, mas porque os sabores e as sensações podem ser diferentes conforme os modos individuais de viver, fazer ou propor. Mas fica aqui na metáfora: nem daria para explicar nem eu tenho tão pouca vergonha a ponto de expor tão longa lista de coisas
Digo ainda que quando a empatia bate, fica: trilha sonora e outros cuidados para meu conforto, minha segurança e, mais uma vez, a delicadeza em realmente cuidar de meu bem-estar inclusive psíquico. Que ser humano incrível!
Para nós, desejo realizado não significa a perda do interessa: despertou mais desejos, de todos os tipos.
Passei meu réveillon sozinha, sem namorado, mas não foi por causa dele: acabou porque acabou. Não tive medo de seguir em frente e adorei seguir com quem me deu uma tarde tão ímpar, maravilhosa em todos os sentidos, inclusive para os meus sentidos. Finalmente, Ano Novo!


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