O
que há com esses homens? Não bastasse a constante, infinita e eterna legião de
cafajestes, dos tantos que um dia tentaram iludir às mulheres com promessas
falidas, agora está na moda a canalhice explícita em que apenas se solicita às
mulheres que não criem expectativas, que dali não passará, que não sonhem com a
página dois...
Se
é ruim iludir alguém, pior ainda é incentivar este alguém a procurar logo
vacinas preventivas contra sentimentos mais sérios, mais reais, mais
consistentes e sentenciar nas entrelinhas que tal pessoa não tenha ilusões, não
sonhe, não espere, não planeja, o que é o ápice da castração. Eu que não quero
viver sem sonhar, pois penso como já citei certa vez tal o poeta, que “Y los
sueños, sueño son!”.
Não
é assim que se faz um adulto, nem uma relação entre adultos, nem um acordo
entre adultos. Nem sei onde fica o botão onde se desliga ou liga a ilusão e a
expectativa. E como não sou de lata, acho que nem há como se prevenir. A menos,
claro, que a gente evite as pessoas, os contatos e as situações. Porém, se
assim fosse não haveria amor platônico e Amelinha nem poderia cantar que Deus
“...Fez até o anonimato dos afetos escondidos”, pois quantas vezes amamos em
segredo?! (da mesma música ainda me toca o verso seguinte: “E a saudade dos
amores que já foram destruídos”). E assim é: a gente ama, desama, se quebra e
se refaz.
Talvez
houvesse, sim, um traço de orgulho e ego porque amor sempre pode acontecer das
duas partes. Que quererá um homem com tais advertências? Eles, os homens, têm
como determinar o grau de envolvimento com alguém? E como evitar paixões?
No
decorrer da vida, em especial nos meus últimos relacionamentos, cheguei a ouvir
coisas semelhantes, com pequenas variações. Simplesmente aciono meus rancores,
dispara dentro de mim algo do tipo: “Quem ele pensa que é, para presumir que vou
me apaixonar e sofrer por ele? E por que somente eu estaria suscetível, e não
ele?” e disso tiro uma ferida narcísica que me faz largar o sujeito menos pela
advertência que pela incapacidade implícita de me fazer sonhar. É como andar
num caminho cheio de placas de advertências: não previnem, não salvam ninguém
do perigo, apenas despertam a atenção, talvez o medo, talvez a desistência do
caminho ou a sensação de que o trajeto não vale a pena, pois há outros, bem
menos complicados.
Quando
fiquei com um Babacantropus erectus de
Neanderthal, em novembro do ano passado, sei que agi como quem escolhe
carne no açougue. Pior que isso: aderi ao preceito de que para comer o
hambúrguer não é preciso conhecer a vaca de que ele foi feito. Mas era um acordo tácito: gostei da carne dele, ele gostou da minha. Encerrada a degustação, cartas claras na mesa e respeito ao seu despedir, sem promessas futuras, sem ligações, porque o fortuito é desta forma mesmo: fortuito.
Esquisito, porém, é ir vivendo intensamente as coisas e dali a pouco decidir que há pessoas para amar e outras para compartilhar rápidas sensações de bem-estar. Neste ínterim, meu primo enfiou o pé na jaca com a minha amiga, no jantar que sacrificadamente articulei para eles. Eu, de pivô. Eles, desejantes... Em poucas palavras, lapsos, descuidos, foi tudo por água abaixo.
No caminho ele deixou claro para mim quais eram as intenções com ela. Ele, que se apaixonou pelo nome dela, sem sequer ter visto a cara. Ao ver, junto a ilusão, a projeção e o desejo...E pouco tempo depois, sepultou qualquer possibilidade de avanço no contato. O que será que há com os homens, hein?
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