Louquética

Incontinência verbal

domingo, 13 de julho de 2014

Todo tempo, o tempo todo


Se a vida não tem a velocidade que nós gostaríamos que tivesse, também ela nos mostra que tudo passa. A diferença é que certas coisas demoram mais que outras, ou assim as percebemos, já que lamentamos a passagem do que nos é caro e querido, como se para as coisas agradáveis, o tempo fosse veloz e vilão. E nos momentos de sufoco e sofrimento, o tempo parece se arrastar na velocidade das lesmas.
Nunca quis nada eterno, nem mesmo a vida eterna; e quem acompanha o que escrevo está cansado de saber disso.
Recentemente eu choquei uma certa pessoa por receber sem choque, sem choro, sem lamento, uma notícia relacionada ao término antecipado de uma coisa. É que, de fato, para mim, acabar faz parte de todas as coisas. Algumas já têm prazo de validade estipulado. E era esse o caso: havia o tempo máximo de duração. Contudo, o tempo máximo presume que dali, do determinado cronológico, não passa. Em face disso, a gente se prepara, sabe que vai acabar mesmo.
E eu não lamento. Fico comemorando os frutos bons, o que ficou, o que deixei, festejando saudades e planejando a retirada do fardo, porque a felicidade e o que nos agrada tem um preço, sempre. Então, a gente negocia, paga e vive.
Dizem que os arianos se cansam rápido da rotina. Até que não, mas me canso, sim, da repetição. Nunca achei justo que o preço da estabilidade fosse a mesmice, as amarras e o comodismo.
Chega um tempo em que nossa vida já não suporta as tempestades, em que estamos cansados de guerra  e levantamos a bandeira branca ou, até, nos comportamos como estrangeiros no território que é nosso (tipo meu pai, um ariano), porque a guerra é cansativa e não nos interessamos em vencê-la. Entendo isso. Em certos setores da vida, isso nos acomete. Por trás disso é que julgo estar o desespero por um casamento ou união estável. Ms, meu Deus, que união é estável? sempre haverá a intempérie, os desajustes...Mas, sim, chega um tempo em que se quer isso: "Terra para o pé, firmeza". Época de cessar buscar e escolher dentre o possível.
Mas eu adoro o movimento.
Gosto até da luta.
Não quero m engessar na estabilidade chata.
Daí que certas quebras de 'contrato' me excitam pela vida.
Tem dias que a vida é chata e que a tristeza se instala sem justa causa - a gente, a culpar os hormônios, os traumas persistentes, as contendas... - mas a felicidade também é assim. E tantas vezes me senti besta, por estar feliz sem motivos.
A coisa que mais me derruba, me desestabiliza e arruína meu estado de espírito é sempre ago relacionado ao amor. As coisas desse setor me jogam no chão, me derrotam. Mas enquanto não é amor; enquanto não há amor, vai-se vivendo.
E se o que há é um comodismo afetivo, talvez eu não perceba que isso é amor, porque é mesmice.
Hoje, me preocupa mais o fato de, por alguma circunstância anômala, o término que já processei com felicidade e excitação, venha a ser adiado, se prolongue aquilo que saiu do raio do meu interesse. Para mim, a data de validade expirou.

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