Louquética

Incontinência verbal

domingo, 21 de dezembro de 2014

Onde a felicidade mora


A vida é feita de lugares-comuns. Alguns, a gente transforma em fato extraordinário e talvez disso é que se faça a felicidade, este estado de exceção que, ao contrário do que parece, quando vem, vem de graça.
Meu amigo me falava disso de a gente  ser infeliz; e como ser infeliz com dinheiro no bolso faz diferença. Faz mesmo. Ainda que a pessoa seja um daqueles seres infelizes profissionais, a saber, os que valorizam suas depressões fictícias ou reais para angariar atenções e carinhos, os eternamente inconformados com as vitórias e com o que têm, sempre a olhar a grama do vizinho. Ah, neste sentido deixa eu contar que meus dois amigos bem estabelecidos, efetivos em universidades federais, andaram dando um chilique em minha cara, a reclamar que ganho mais que eles, que tenho as melhores oportunidades, que recebo os melhores convites e trabalho com condições excepcionais...Poxa, o que querem eles? ser eu, suponho!
Voltando à proposição de meu amigo a respeito de ser infeliz com dinheiro no bolso, poxa, é um consolo tão bom. com dinheiro você viaja, você compra conforto, você conserta o que pode, ora, inumeráveis são os benefícios. Agora pense em estar infeliz e ainda por cima, liso, duro, paupérrimo, sem dinheiro? Isso, sim, é infelicidade em dobro.
Estou a dois dias das férias e ainda tento me readaptar à rotina antiga. Eis onde o dinheiro e a conversa da infelicidade vai: vou fazer um concurso. Se eu passar, terei um dinheiro bom. Contudo, vou ter que morar nos cafundós do brejo e parecer em casa uma vez por mês.
Se eu perder, me viro com o que tenho, vou trabalhar para os sete anões do capitalismo universitário e ir aproveitando as reservas feitas para este tempo de inverno que pode me pegar no começo de 2015. Desta vez, guardei e planejei.
Acho que continuo gostando de Vinícius. Não sei o que me deu. Ando enrolada no amor. Minha cabeça anda enrolada. Meus relacionamentos são rolos. No plano amoroso, não me conheço, apenas sei o que não quero e o que não gosto.
Na chuva desta segunda-feira, na UFBA, no PAF 1, ao esperar por duas horas o dilúvio passar, para então eu ir ao meu carro, acabei conhecendo um sujeito lindo, L.F. Sou tímida: ele fez malabarismo para falar comigo. Outra história linda, como a que vivi com Bruno, na mesma circunstância (UFBA, manhã, chuva, PAF 1). Adiantando a narrativa, depois de muita chuva ininterrupta, larguei meus pertences com ele, coloquei meus sapatos na mão e sai correndo na chuva, até o carro. Até que me molhei pouco. Peguei o guarda-chuva. enxuguei os pés, calcei os sapatos e voltei para encontrar L.F. e deixá-lo na biblioteca.
Ainda assim, ando melancólica. Acho que é o saldo de ter lutado pela pessoa errada, há um tempo, e agora estar assim, enrolada. Por que eu deixei meu ego se meter na história e lutei por um sujeito que eu nem amava? que erro crasso. Isso foi ano passado. Por que me meti na disputa, se não me interessava pelo prêmio?
Novamente, ontem à noite, F.J. ligou para a minha casa. Senti o fracasso na voz dele. Espero que ele tenha sentido o meu desinteresse através de minha voz. A pessoa me liga procurando intimidades e pedindo para eu aceitar ligação a cobrar, dele, caso caísse a chamada. Ah, sim: agora vou pagar para falar com gente desinteressante. De onde ele tira conclusões desta ordem?
Muitas iniciais só sinalizam meus términos, meu caos e o fato de eu não ter ninguém. Não é por mau caráter meu: não consigo considerar, tornar válido o contato que tenho com quem de vez em quando dorme comigo. Nem é por sexo, é falta de Justa Causa. Vou terminar por que? como? alegando o que?
Há coisas que são movida à base de coragem.
Vou mudar muita coisa em breve. Conscientemente. Não apenas por um número no calendário que me diz acabou um ano e começou outro. E não vai dar para ficar desejando um escorrego que justifique o cartão vermelho no Moço Insignificante.
este, por sinal, foi um ano bom. Apenas cansativo. Só em conseguir me livrar de FJ, foi um ganho: este eu não quero nunca mais, de jeito nenhum. Dirigir nas estradas entre as cidades que moro e trabalho foi outro ganho. O primeiro semestre foi melhor que o segundo, eu é que aproveitei mal. o segundo semestre foi melancólico. O maior feito foi ter ido ao Rio grande do Sul. Salvo isso, nada de extraordinário ou significativo.
Tem coisas pequenas que me fazem feliz: dirigir ouvindo minhas músicas preferidas, ir à academia e contar com um bom treinador, brincar com os gatos, ler os livros, ser amada gratuitamente por outra inicial (F.V), mas acho que posso chama-lo de Vítor, para não confundir. olhou para mim. Gostou de mim. É meu amigo.
Não quero ser infeliz, mesmo com dinheiro. Mas sei que a vida não foi feita para agradar meu ego. Aguento, reinvento, lamento...e sigo.

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