Louquética

Incontinência verbal

domingo, 12 de julho de 2015

Ninguém garante!


Não morro de paixão pela tecnologia.
Admiro as invenções da humanidade, os ganhos qualitativos nas áreas de saúde, cultura, comunicações, as facilidades todas advindas com os aprimoramento em cada setor. Tenho, porém, uma particular antipatia com celulares e computadores - todos: do celular de outrora ao smartphone de hoje, do computador de antes aos laptops presentes. Eis-me qui, escrevendo em um, cujo funcionamento é cenozóico, apesar do preço absurdo, apesar de novo...
É isso: alta tecnologia descartável. Não dura nada! frágil e descartável (tal como nossos eletrodomésticos, superiores, maravilhosos e vulnerável a qualquer ferrugem, a qualquer umidade, a qualquer esboço de instabilidade).
Mas, sim, a gente se sente o maior palhaço maravilhado por recursos tecnológicos caríssimos, em indicativo de provável e franca burrice absoluta concentrada: se esses aparelhos são isso tudo que apregoa o deslumbramento dos nossos amigos e o que dizem as propagandas, por que há tanta necessidade de oferecer garantia extra, à qual pagamos antevendo que a cobertura da garantia original do produto é insuficiente? E que fabricante é esse que só se garante por poucos meses? E que perfeição é essa, como no caso dos carros e motos, que sempre convocam consumidores a recall? É, somos meio cegos. Esses indícios já seriam suficientes para que a gente recuasse na substituição de um aparelho por outro.
Já declarei que acho de um pão-durismo absurdo a pessoa abdicar de ter um telefone fixo em casa e as demais tecnologias básicas da sobrevivência do lar - internet rápida, TV por assinatura e telefone fixo são o básico mesmo! - mas sou a pessoa mais pão-duro do mundo no que toca à copra de smartphones (celulares em geral). Não, não dou mais que R$ 600 em um. E este é um alto preço para algo que não vai ultrapassar nove meses de vida útil, se muito.
Aí vejo meus chegados deslumbrados pagando R$ 2.000 ou mais num smartphone...E eu não estou nem aí se é um S9, se voa e se faz massagem por telepatia. São descartáveis. E do que adianta ter um mega celular e a pessoa viver traficando ou mendigando um sinal de wi-fi pelo amor de Deus?
Isso é um deslocamento bruto no sentido do consumo. Muda qualquer idiotice na composição do produto, de modo a parecer que o modelo anterior é ultrapassado, acresce no valor do novo telefone móvel e lá vai a pessoa, que quer parecer 'in', comprando, por mais que seja necessário dividir em 12 vezes sem juros explícitos.
Fico infeliz com meus computadores: não apenas vão durar pouco, como vão ser vítimas de mercenários de manutenção.
Tive um desses em minha vida: o cara confiável, amigo de meu amigo, que fazia a manutenção do meu computador e já avisava que me veria em três ou quatro meses. Era uma profecia: o computador travava e eu recontratava o serviço.
Claro, né? o sujeito confiável fazia reparos com prazo determinado, programando o tempo de validade de programas, para que a escravidão nunca deixasse de ser retroalimentada. Gente fina! E isso só passou quando um amigo assumiu o controle da manutenção e ele mesmo fez o serviço, de graça, para mim.
Gastamos muito em coisas que também já receberam o nome de bens duráveis, tipo carros e eletrodomésticos como geladeiras, freezers, televisão...Hoje, o bem durável dura tão pouco que até saem das fábricas quebrados e esta é a razão do recall. 
A verdade desconfortável é essa: não há garantias!

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