Louquética

Incontinência verbal

sábado, 18 de julho de 2015

O soberano poder do não


E tendo falado sobre tolerância, devo acrescentar que, de fato, ninguém é obrigado. Já viu os memes dizendo isso?"Eu não sou obrigada!"...Eu deveria saber disso e respeitar isso em mim. Eis o limite que nos diz que é hora de dizer não.
O não nem sempre é sob a forma da palavra negativa, mas quando a gente já não suporta, não aceita e não negocia certos sacrifícios em favor do convívio.
Tenho uma amiga que não reconhece os próprios erros, que pensa estar sempre certa, que exige extrema paciência de nós, mas que especialmente comigo é ofensiva. Sempre tem um pretexto, seja porque cheguei cedo ao lugar marcado, seja porque cheguei tarde, seja porque optei por não ir...Sempre serei chamada de individualista.
Não saio de minha casa para ser ofendida. Chega!Vamos parar por aqui. E desta forma, digo que ela fique em paz e que me deixe em paz, porque é o que eu quero.
Há um tempo eu li a Reforma Íntima, o livro espírita tão necessário a qualquer ser humano. Não tenho autoridade no Espiritismo, ainda estou começando meus estudos e seria leviano me revestir da profundidade do conhecimento que eu não tenho, mas vou aqui dizer o que ficou para mim desse livro da Ermance Dufaux: guardamos muitos vícios em nós. O meu vício particular é o carinho alheio, só para dar um exemplo.
Todo mundo tem defeito; e o vício e a falha, se a pessoa consegue admitir a si mesmo que os tem e quais são, ajudam a determinar o encargo espiritual e psíquico que a pessoa carrega. O vício é ligado às ações repetitivas.
Então, em meu caso, eu sempre perdoo. Seja o amigo, o namorado, a criatura que for.
Perdoar é sempre bom. Esquecer é complicado.
À medida em que repito o perdão para a mesma falha alheia, faço apostas na mudança daquela pessoa. Apelo ao bom senso, espero pela consciência, aguardo que o reconhecimento do delito leve à extinção da causa dele.
No caso de minha amiga, isso não aconteceu nem acontecerá. Repeti com ela o que eu já havia feito com um namorado, que eu repeti com um aspirante a namorado também. Eles nunca iriam mudar. Neste caso, quem precisa mudar sou eu.
Se me submeto às mesma situações, deixo impune a quem desculpei e perdoei. A pessoa não cessa o agravamento, não muda de atitude. Assim sendo, eu preciso mudar minha postura para que algo se transforme.
Aqui eu falo superficialmente de tudo. Mas vamos em frente: a amiga em questão me deixou um recado no Facebook. Eu nem ia ler. Acabei lendo. Em meu coração, a flor do perdão surgiu, perfumando o ambiente. Não sou bruta: não se pode exterminar uma flor. Mas essa flor se torna uma erva daninha que sempre voltará a brotar, para comover, para confundir e para que eu me deixe envolver sem perceber os espinhos.
Não. E o meu não significa que eu não quero mais essa pessoa em minha vida. Se tanto suportei foi devido ao sentimento que nutro pela amiga citada. Para suplantar as dores e as ofensas, só um amor de amigo verdadeiro. Contudo, é hora de cessar a festa dos desaforos.
Fazer a reforma íntima é agir diferente. É também notar que certas coisas pelas quais a gente passa, foi porque a gente abriu o precedente. Não digo que para tudo a gente faça um cavalo de batalha, que não releve uma coisa ou outra, que não barganhe ou negocie aqui e ali, que seja concessivo em favor do convívio...Mas isso tem um limite. Somos nós que devemos estabelecer esse limite, isto é, a gente precisa notar qual é esse limite, até onde vamos e até onde permitimos que alguém vá.

Nenhum comentário:

Postar um comentário