Louquética

Incontinência verbal

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Eu, tu, eles e os nós


À parte todas as superstições para o mês de agosto, vos digo: realmente, o negócio está difícil! E eu já ando cansada de acudir aos meus desesperos e aos de meus amigos. Mas assim, olha os meus amigos: eu realmente gosto deles. Os amigos mesmo, aqueles com quem a gente compartilha coisas boas e más da vida.
Às vezes penso, também, no ex-amigos. Juro: se há uma conta que eu não vou levar para o além é a de ter contraído inimizades sem justa-causa ou por tê-la iniciado por simples e especial antipatia ou implicância.
Mesmo ex-amigas de quem já não gosto, tipo aquela lá, que me acolheu por uns dias, há tantos anos, de vez em quando eu penso sobre elas, imaginando o que terá motivado uma campanha tão intensa de ódios, a semeadura dos germes da inimizade, como aquele que a escritora escrota regou para que Lise se tornasse minha inimiga, por exemplo...E no quanto ela era ocupada em falar dos defeitos físicos das demais colegas de campus...Falsa é pouco! Figura amarga que quer multiplicar seu inferno particular nas vidas alheias...e assim permanece até à presente data.
Eu gostava dela. Gostava dos poemas dela, torcia por ela no amor e na vida...E ela se mostrou uma escrota de primeira classe! Aliás, uma professora sem classe! Mas, se ela foi cruel até com quem lhe deu a mão para tocar a vida profissional, fornecendo-lhe amparo emocional, régua e compasso, quanto mais a mim?!
E a outra amizade desfeita recentemente, foi somente o caso do desrespeito ter extrapolado os limites do suportável mesmo. Daí que a vida fica mais leve à medida que a gente não se predispõe a carregar certas malas.
Ah, nisso ela tinha razão eu passei um grande tempo sem querer viajar com ela e com a outra porque eram mesmo malas: nunca faziam uma concessão; inventavam viagens em grupo mas as decisões eram impositivas, o repertório do caminho, igualmente impositivo e, assim como nas demais áreas da vida, as coisas eram medidas segundo a circunferência do umbigo dela. Então, eu cansei e pensei: não preciso mais disso!
Pelo bem-estar que me sobrevém de ter abreviado a chatice do contato, a previsibilidade das respostas, o deparar com a velha constatação de que aquela figura era uma egoísta chata que só queria o benefício próprio e fazia da amizade um negócio articulado para cumprir a vontade dela, olha, só posso dizer que sinto alívio. Sério: não tenho o menor interesse em futuras reconciliações.
Tem aqueles outros amigos, claro: os que são falsos e aproveitadores e acham que a gente não descobriu nada, não soube de nada...Esses nos batem à porta e é com algum esforço que se tocam de que a gente não é o mesmo imbecil de antes e que a visita, o contato, não nos interessam.
Mas os demais, não: são meus amigos queridos, amados, desejados, confidentes...Gente que me suporta, que resiste aos atritos inevitáveis e que negociam o bem-estar da relação...Esses perduram, esses eu amo, esses ficam...Esses, se eu pudesse, trazia sempre comigo...

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