Louquética

Incontinência verbal

domingo, 9 de agosto de 2015

Se a vida pesa...



Eu até entendo que, de vez em quando, nos dê certa vontade de pedir a alguém que carregue nossos fardos da existência. Isso como um evento esporádico, que mal pode ser lido literalmente, mas que a maioria de nós chega a pronunciar, face ao cansaço e ao acúmulo das responsabilidades. Porém, só há poucos dias ouvi um psicólogo (da Rede Amigo Espírita) classificar isso como obesidade mental.
Obviamente, ele se referia às pessoas que transferem suas responsabilidades para terceiros. Deste modo, desde aquela senhora que se acha a melhor mãe do mundo, mas que larga o filho com a avó; assim como a outra, que não resolve nada e tendo um problema com o filho diz a um terceiro elemento: "Fale com ele! tente resolver isso por mim!", até às tantas vezes em que as pessoas se escondem atrás de suas depressões estratégicas, porque querem fugir de assumir a própria vida, querem correr do espelho e admitir suas invejas, intrigas, baixezas, desejos, sentimentos de inferioridade...E, com esse sedentarismo, delegam a um remédio a tarefa de resolver por elas os sintomas e seguem ocultando as causas.
Em alguns casos, há ganhos secundários evidentes: ser o coitadinho, a coitadinha, ganhar atenção e piedade, ser referência de esforço e e sofrimento.. E o melhor de ser vítima é não ser responsável por nada! tudo, simplesmente, ocorre, acomete, confortavelmente, involuntariamente.
Quantas vezes, ao passar por uma injustiça, mais do que desejos de vingança, a gente desejou que a máscara de quem armou contra nós caísse?
Quantas vezes houve a vontade de esclarecer, olhos nos olhos, quais as causas do mal a nós feito gratuitamente?! Mas, então, os covardes querem ser amados, nunca iriam se mostrar, nem assumir ódios, rancores, armações, injustiças...Porém, este é o mundo em que vivemos e que nos deixa passíveis de dar de cara com situações assim. E o mal gratuito, sim, é força fortuita, é um evento, embora eu, particularmente, não acredito ser perdoável que alguém possa ser tão baixo e monstruoso a ponto de retirar o que por direito seria de outro, apenas por não nutrir simpatia por tal pessoa. Isto porque, usando a mim mesma como parâmetro, antipatia por gente que eu nunca vi, eu já senti; desconfiança, também...Mas ninguém que hoje eu tenha por inimigo ou ex-amigo, foi assim classificado sem motivos. Nunca eu iria romper o contato com alguém sem uma causa, sem que esta pessoa tivesse me feito algo.
Tudo isso eu passo, nós passamos e corrobora a ideia de que o mundo não existe para nos agradar. Mas, e daí? vem alguém e tenta nos usurpar algo ou destruir nossas bases...Isso determina que eu, ao me saber vitimada pela situação, me ajuste ao lugar de vítima e nele permaneça?
Toda queda merece ser processada - com choro, com luta, com palavras más da indignação sofrida, com tristeza..E isso constitui uma fase.
Um candidato meu me chamou de estoica. Eu tinha perdido num concurso nesta ocasião. Olha: perdi! Nem sempre a gente ganha. Nem todo dia a gente ri. E eu saí do concurso com naturalidade, enquanto ele chorou por mim, sentiu dores de cabeça, lamentou...E me chamou de estoica.
Ora, se me inscrevi, investi tempo e dinheiro, eu queria passar.
Essa é uma coisa que todo ser humano precisa saber: quer passar num concurso? construa as condições para isso. Quais? estudar com afinco e qualidade; Quer ser milionário? construa as condições; Quer ganhar na loteria? construa a condição mínima, que e jogar...Para isso, só depende de sorte.
Bom, eu fiz a minha parte. Devo ter feito menos do que era necessário. Perdi. Mas eu vou invalidar minha carreira, desprezar os textos publicados e questionar minha seriedade e competência constituída honestamente com leituras que eu realmente fiz, com raciocínios que eu realmente tracei, enfim, vou medir minha capacidade profissional e intelectual por um evento? por uma prova? por 50 minutos de aula pública, em condições artificiais e inóspitas, sob pressão psicológica? Ora, nunca! Não sou vítima. E, sim, já fiz aquém do que eu deveria, já errei, tenho falhas...Isso porque eu sou gente e não vou permitir que a vaidade me pinte como imune às vicissitudes, aos erros, às perdas...Mas, sendo a vida minha e sob a minha responsabilidade, cabe a mim conduzi-la,
Se nós criamos redes de apoio, ou seja, os afetos de todos os tipos, isto significa apenas um esteio. A vida da gente é pertença da gente: cada um que cuide da sua.

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