Louquética

Incontinência verbal

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Longe do meu domínio


Ele é dominador. Gosta que as coisas aconteçam naturalmente: naturalmente do jeito dele. Finge não jogar, mas joga, induzindo minha aquiescência para algo previamente decidido, estipulado e determinado...
As mãos mais gostosas do planeta Terra são as dele: doces, quentes, firmes, lisas, macias, sábias...Têm o mapa do meu corpo e a doçura certa para acalmar desesperos e medos...
Mas, que pena: o preço da boca de beijos perfeitos e dos abraços mais felizes e acolhedores é a eterna submissão. Ele pensa que é 'terna' a submissão...Não para mim!
No nosso encontro recente, ele julgou que eu fosse uma patricinha patrocinada por papai. Tanta aliteração em P e, puta que o pariu!Passou longe.
Aproximando o caso de uma análise justa, a verdade é que eu nunca havia namorado um homem tão maduro. São trinta e uns anos muito mais potenciais que os quarenta e outros de outro cara. Com Ele, preciso sempre estar atenta e me esforçar intelectualmente para que ele não anule minhas sentenças.
Devo admitir, sem riscos de jogar vinho sobre a cara de outrem, que ando namoradeira. Ter um Valete de Copas no coração, como qualquer vivente sabe, como volto a admitir que qualquer insinuação de amor e dor de cotovelo nas redes sociais é, pois, para o naipe citado, não impede que eu viva outras experiências.
Não escondi que gostava de outra pessoa. Nunca faria isso. Mas escondo todo o resto. Qualquer ligação, rolo, envolvimentos outros, escondo, sim. Porém, jogo limpo: o que acho, sinceramente, é que não vivemos época em que seja possível namorar. Exceto se a pessoa tem jogo de cintura para lidar com a traição ou se resolveu abrir a relação. Salvo isso, os homens nunca deixarão de ter vida dupla, Namoram uma pessoa até às 22h, mas às 22h30 estão com outra pessoa, ao vivo ou virtualmente. Têm o namoro socialmente assumido e uma meia dúzia ocultos.
Dr. House já disse: "Bons casamentos são mantidos mediante boas mentiras". Acertou.
Daí que Ele ouviu chocado eu declarar que não quero namoro. Quero estar. Deixe estar.
Nossa primeira briga foi domingo, por isso: ele percebeu que eu não acreditei numa desculpa recebida. Já estou velha e sei reconhecer uma desculpa clássica. Mas ele se ofendeu seriamente, quebrou o pau, se impôs e notou que foi por conveniência que eu 'acreditei', a fim de poupar delongas naquela pauta.
Dele eu teria terríveis ciúmes; e não gosto de ciúmes:nem de ter, nem de causar.
Ele parecia num tribunal: arrolou provas, me levou aonde eu não queria ir, contou o que eu não queria saber, me fez entrar na casa dele, na vida dele...
Meu coração, aqui, excitadíssimo com o show da quinta (Teatro Mágico, de graça, em Feira de Santana, na praça da Matriz, perto de minha casa); ansioso pela festa à fantasia do sábado; desesperada de excitação pela viagem de réveillon...Ora, que não sou Djavan "Ah, quanto querer cabe em meu coração!"), eu lá vou me importar com as falhas de credibilidade de um relacionamento fortuito, bom e fortuito?
Ele sabe que eu gosto de outro. Deve saber que eu gosto de outro além dele, porque ele tem ego, dos grandes. Mas é dominador: mais um a querer me trancar na gaiola; mais um a dizer 'seja feita a minha vontade': coisas que não se diz para uma ariana.

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