Louquética

Incontinência verbal

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

No fim...


Não por pessimismo, mas por senso de realidade, considero que o ano acabou. Nada de novo, surpreendente ou efetivamente modificador pode ocorrer nos próximos 27 dias que faltam até o completar do ano de 2015.
O ano, para mim, só ficou efetivamente ruim depois de julho. Antes, tudo bem...Como se fosse uma continuação de 2014. Aliás, de 2014, a única coisa que continuou mesmo foi meu jeito de errar.
A gente quer mudança, novidade, outras cenas, mas repete os erros, as atitudes, as escolhas. Nada mais difícil de mudar do que um interior psicológico repetitivo, de atitudes repetitivas, de vícios repetitivos, de repetição de si mesmo.
Talvez eu devesse levar a sério a ideia de me renovar assim como a de renascer.
Dos 18 para os 24 eu renasci.
Dos 31 aos 33, eu renasci.
Faz somente dois anos que eu parei.
A gente não tem que trocar a casca todo dia. Muda-se aquilo que não funciona, ou troca-se por coisa melhor.
Incorporei umas coisas à minha vida, fiz mudanças importantes, inclusive devido a descobertas espirituais e indicações de que há formas diferentes de encarar situações e lugares.
Deste ano, posso dizer que o melhor que fiz foi parar uma amizade movida a desrespeito. Vi que, de fato, eu não precisava passar por aquilo. Andava de mãos dadas com uma amiga sovina, pão-duro, intransigente e desrespeitosa. Era desrespeitosa comigo, sempre. E eu atenuava e perdoava, julgando que eu era impaciente e intolerante...Até chegar a um extremo, numa noite no teatro. Decididamente, não saio da minha casa para ser desrespeitada. E ganhei uma série de coisas com a ruptura, além da paz: só em não ter que ouvir pagode; não ter que 'rever os meus conceitos', porque afinal, eram os conceitos dela que eram os certos; não suportar ser um acessório das horas difíceis e não ter que acatar programas unilaterais, já foi um ganho extremo. Aqui é o resumo. Mas, então, certo estará quem me disser "e se era tão ruim, por que durou tanto?" - por minha burrice e falta de avaliação.
A outra amiga, que ocupa um lugar VIP em cima do muro, deixa ela lá...Também basta a distância.
Das coisas internas que mudaram, acho que o senso de carência mudou, está quase extinto.
Hoje, olho com pavor e nojo certos relacionamentos sustentados por minha carência. Era carência, vingança do ex e algum traço de autodestruição...Só pode ter sido.
Se eu encontrasse F.J. hoje, por aí - coisa que evito a ponto de nem frequentar mais os mesmos lugares - e iria ter ânsia de vômito. Se até hoje lembro dele, coisa que ficou lá em 2013, é porque ainda tenho pavor e arrependimento...E porque ele me aparece à porta, tentando voltar.
Neste ano, mudou minha relação com o meu pai. Não, não dá. Não sou uma pessoa de tranquilamente usar aqueles perdões sociais. Na vida social, todo mundo diz perdoar, ter sentimentos nobres, etc. Não quero essa hipocrisia para mim. Contudo, queria que espiritualmente tivéssemos resolvido nossas diferenças, para não correr o risco de ter que me encontrar com ele em ouro capítulo da existência, conforme preconiza o Espiritismo, doutrina que adotei e em que parcialmente eu acredito.
Outra descoberta, nesse ano, foi o quão panfletários os cursos da área de Educação têm ficado.
Vi amigos e ex-professores numa postura delirante de deslumbramento ideológico, sem a menor noção de realidade...É que as teorias são proposições que, muitas vezes, não dão conta de realidades plurais, não são aplicáveis dentro da lógica do possível e, sobretudo, são bonitas. Teorias são bonitas. Nem sempre, porém, lógicas. Talvez, teorias sejam somente teorias. E só. Mas tem gente que precisa delas para viver, para desviar do vazio comum da vida...É assim. E o que eu vi em dadas avaliações foi que ao coitado do aluno ou candidato a professor, não basta dar as respostas certas: tem que abraçar a causa, sindicalizar, vestir a camisa, se engajar...E isso de ter pacto com as causas não precisa necessariamente corresponder ao que esperam, de tirar a carteirinha do sindicato. A seriedade profissional ou ideológica pode se fazer silenciosamente no dia-a-dia das práticas responsáveis.
Bom, também com o menino que fiquei em setembro, aprendi que se a gente evita pensar, esquece mesmo. Porque esta foi a receita que ele me deu, para que a gente não criasse apegos inviáveis de relações inviáveis. Não foi difícil adotar a ideia. Constatei que pode funcionar conforme varie a importância do Outro para nós. Ao descartável, o descarte. E daí por diante.
Vi que dar a centésima segunda chance nunca adianta nada. Pode parecer impiedoso e radical, mas nunca deveríamos dar a segunda chance a ninguém. De minha parte, encerrou-se a concessão de segundas chances.
No mais, tudo de bom para 2016 é plantado em 2015. Não plantei nada de novo. Do pouco que plantei um pouco antes, nada frutificou. Deste modo, espero um péssimo 2016 e esta previsão só pode ser revogada se algo excepcional acontecer nos próximos 60 dias a partir do ano que vem. Mas é algo na faixa entre o milagre e o improvável.
Apesar de tudo, a vida continua e não sou muito de lamentar sem agir. Carrego meus fardos e tenho orgulho disso: minha vida é minha e eu não resolvo problemas tomando comprimidos. Fé em Deus e bola para a frente, mesmo quando a gente já está derrotado e tem que cumprir tabela até o fim do campeonato.
Embora tudo esteja dito e feito, ainda tenho o poder de tomar decisões diferentes, mudar de rumo e de direção...Isso, sim, pode ser. E alteraria tudo para o bem ou para o mal. A vida se compõe de apostas.

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