Louquética

Incontinência verbal

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

O bolso e a vida


Isso foi há pouco e suponho que tenha acontecido justamente para compor meu especial de natal bagaceira 2015: O guri disse que quer comprar uma moto. O guri é um aluno que se tornou meu amigo.
Há que se frisar, se tornou meu amigo depois de constatar que eu era muito mais velha que ele para os fins que ele queria, a saber, namoro, casamento e filhos.
Não é o que pode parecer: ele apenas me achava bonita e inteligente. Como tinha na cabeça muitas paranoias, achava que iria morrer cedo, se sentia preterido pela vida e claramente confundiu minha atenção com alguma espécie de compaixão sexual (não, eu não daria por pena!) e transferiu a imagem da mãe para  mim - de fato, a gente se parece - a coisa ficou nesse pé.
Mas o guri disse que quer comprar uma moto e me pediu dinheiro para isso. Ora, deduziu o meu não, só pronunciado minutos após eu me restabelecer da minha perplexidade, lamentando que estava querendo uma ajuda para dar a entrada e que mais ninguém daria, pois o pai dele o ignora, o padrasto tem dois filhos com a mãe dele e outros dois avulsos, os tios não dão nada, os avós são negligentes e a coisa estava a este ponto sem uma palavra minha, pois que eu pensei: "Que falta de noção é essa!".
Expliquei que eu seria solidária e caridosa, com quem tem necessidades sérias, desde que eu pudesse colaborar. Veja só: mesmo que fossem 500 reais de ajuda, eu nunca daria dez centavos a um marmanjo; com tanta gente precisando de comida, de dinheiro para pagar taxa de concurso, para comprar remédio, para pagar aluguel, para comprar uma roupa para procurar emprego...Eu ia dar dinheiro a um guri que não contribui em nada para o bem-estar da sociedade, nada fez em prol desse mimo e, enfim, quer curtir uma motoquinha?
Ah, ele achou tudo uma injustiça, um absurdo, 'que mundo, meu Deus, de gente insensível!".
Logo que me viu online, me chamou para Salvador...Para aproveitar a cidade deserta no natal e ensiná-lo a dirigir um carro, no meu carro. E eu fiquei pensando em quanta fala de noção é essa!
O idiotíssimo do Geovane, meu ex-ficante, já tinha me chamado para ir a Salvador nesses dias, apenas para ficar com ele. Ora, veja: ia ser preciso um desejo e uma paixão significativas e intensas para tal. E eu não o vejo desde abril...Talvez por culpa minha, que não disse com todas as letras que o lance acabou, somente anteontem ele percebeu que terminou. Essa gente dá muito trabalho! Essa gente se julga importante demais. Mais uma vez, digo: Que falta de noção!
Poxa, quem quer a gente, fica com a gente. Se desde abril eu não faço nenhum esforço para falar com ele, para estar com ele, o que isso quer dizer? Que u estou há oito meses sem tempo, é?
E o guri pedinte de moto, acha o que? Que por bondade gratuita eu daria ajuda financeira para a moto dele, so para apoiar um sonho? Ora, tenha dó!
Minha aluna pilantra, que levou meus 50 reais, além de grávida, fez a armadilha pública para pegar emprestado o que nunca seria devolvido.
Recentemente, tentou aplicar o mesmo golpe, apesar de ter perdido os bebês, em cima de outro trouxa e não teve vergonha de me contar o resultado: "Nooooossa!!!Eu fui pedir um dinheiro para um tratamento dentário, que é caro...O cara me disse para eu ir vender trufas, pois a vida estava difícil para todos!". Bem feito! Quer dinheiro? Faça seu caminho, escolha seus meios, o meu eu não dou nunca mais...Foi sob coerção que ela obteve meu dinheiro, como sempre obtinha almoço grátis por colar em mim em situação pública nas cantinas...Tanta gente precisando de um pão, um abrigo, um dinheiro qualquer...Vagabundagem não tem limites, viu?
O guri trabalha, está em fins e estágio...
A outra, de tanto tomar 'olé', fez estágio também.
Ambos adoram vida boa, desde que patrocinada pelos outros.
Aqui em Feira, uma chegada, cheia de usufrutos e posses herdados, tem sempre a cara de pau de esperar que eu pague as contas; dá indiretas de suas necessidades materiais, para ver se tira algum centavo de mim. Pura falta de vergonha e de noção!
Meu primo N também, eternamente pão-duro, aceitaria agrado até de um mendigo. Eu digo sempre que ele é a segunda pessoa mais pão-duro que eu conheço nessa vida. Geralmente, esse povo gosta muito de seu próprio dinheiro, para dar algo a alguém; e gosta mais ainda do dinheiro dos outros que, segundo eles, estaria melhor no bolso deles.
Vou até pular a parte das trocas de presentes em geral (natal, aniversários) em que as pessoas querem levar vantagem sempre e ficam calculando quanto ganharam sob cada presente. Não há bom presente por menos de 50 reais. Lógico, isso é uma média, porque até sandálias boas, Havaianas, vão a 35 reais...O resto é lembrancinha, sabonetinho de grife, colônia splash ou arranjo de flores.
Viver custa caro!

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