Tenho
em mim, às vezes, a convicção de que todos os meus erros foram certos, foram o
meu possível para aquele momento. E se hoje me questiono porque escolhi isto e
não aquilo, é por pensar que, de alguma maneira, o nosso livre-arbítrio se
direciona para o que cabe escolher. Isso nem sempre significa o melhor. Às vezes indica a escolha do que nos é necessário, ainda que isso signifique que no bojo das questões, foi necessário quebrar a cara.
Um
amigo bem íntimo acha que eu deveria ter fica no Corpo de Bombeiros até morrer.
Eu também já achei. E tanto achei, que quase morro. Desenvolvi doenças
psíquicas e taquicardias, quando ia me arrumar para trabalhar.
Fora
preciso sete anos para eu me desvencilhar.
Isso
é terrível: as pessoas alimentam em nós a ideia de que tudo é válido para se
ter um emprego; que qualquer preço que se pague é ainda baixo frente à satisfação
das contas pagas. Não é, não: tão terrível quanto a falta de perspectivas de
trabalho, é um trabalho que lhe consome, que lhe mata, que te leva à velha
querela de como será morrer para ganhar o pão, morrer por aquilo que sustentava
sua vida.
Vejo
meu ex, que continuou lá, aplicando dois anos de atestado, caindo nas malhas da
Junta Médica. Há que se perguntar a esse povo todo, militar, professor,
funcionário público, as razões porque as pessoas fogem do trabalho, quando não são
preguiçosas profissionais.
Eu
me senti feliz trabalhando 500 km de casa, numa cidade quente e de poucos
atrativos.
A
única coisa de que me arrependo, isso porque eu não tive parâmetro e escolhi
errado mesmo, foi não ter tomado posse em Lençóis, com medo de não aguentar
morar ali a longo prazo. Mas, olha só: fiz um concurso em 2011, quando meu
contexto particular era um; e só me convocaram em 2014, quando eu já estava
apaixonada pela UFBA e experimentando outra fase profissional.
Eu
deveria ter escutado Ilmara.
Eu
sei o quanto é difícil abandonar a tenda sedutora da estabilidade: casamentos
são assim; relacionamentos são assim; empregos são assim. Mas vale a pena. Só
não dá para sair de um e ir para o outro sem passar por perdas.
Recentemente
vi que vou passar novamente por um dilema dessa natureza: até fevereiro serei
indagada sobre ficar onde estou, na cidade em que moro e gosto de morar,
vivendo as vicissitudes da ocupação daqui e dos empregos temporários que advém
a seguir, ou ir para longe cerca de 750km daqui e viver minha estabilidade numa
vaga federal.
Desta
vez vou para onde não quero. Vou rezar por uma futura transferência.
Hoje
uma universidade do exterior, onde fiz uma inscrição, me contactou. Resolvi não
seguir no processo, menos por orgulho do que pelo desgaste e tensão que isso
iria me gerar, fosse por eu ter que afiar um idioma inglês que não pratico
desde 2013, seja por não aguentar ir até o final e correr o risco de vencer e
ter que decidir.
Deixa
eu falar de outra coisa: estou com o juízo coçando porque um certo homem, acho
eu, presume que eu queira um relacionamento com ele. Essas ideias a gente nunca
sabe de onde saem, mas o que me espanta é que, então, ele deve achar que eu
acho que ele gosta de mim. Ou será que acha que eu quero um namoro sério a
qualquer preço?
De
vez em quando me aparecem esses loucos, essa gente que quer me provar que é
claro que eu os amo, apenas não me dei conta disso. É muito ego na causa. Só
achei engraçado. Tão engraçado quanto o idiota do G.P. me perguntar se eu
sentia saudades dele e nunca ter obtido resposta minha. Daí meu medo de que ele
supusesse que quem cala consente e seguisse sentenciando que ‘quem sou eu para
não amar uma pessoa daquelas?!”. Mas é cada uma!!!
Voltando
ao emprego, eu acho que, do ponto de vista espiritual, tudo conspira para ser e
estar onde quer que estejamos. Como disse a Drª Gilka, a gente demora num lugar
o quanto somos úteis ali. Porém, acho que se seu contexto não lhe ajuda, mas
ainda assim você se qualifica, é porque você precisa e tem que ser.
Mas se fosse para escolher um outro rumo na vida, ou se eu pudesse ter um romo paralelo eu faria duas coisas, aqui ditas por desvario e não pela razão causal:
1) Eu seria DJ ou teria um espaço para dançar, onde tocassem músicas para dançar mesmo e não esse som de corno que toca por aí.
2) Ah, eu teria uma loja de biquínis artesanais, feitos realmente para mulheres, sabe?Uma lojinha itinerante, que funcionaria no meu furgão ou num carro off-road, com temporadas em Guarajuba, Praia do Forte e Farol da Barra, com preço módicos, mas biquínis assim com estampas femininas, com laços, bolinhas, pequenos arranjos, conforto, cortes como se fossem cintas, parte traseira bem delineada, bojo bem recortado e mesmo trançado de alças para gerar um bom bronzeado. Imagino cada peça. porque o sonho é meu e não tem censura.
Mas não sei vender nada.
Não vendo nem meu peixe.
E se penso nessas duas coisas é porque sino falta dessas duas coisas para meu consumo próprio.
Se um dia eu tivesse a chance de falar com um fabricante de sapatos femininos, igualmente eu pediria conforto, proteção nos calcanhares, solado sempre antiderrapante, designers femininos, cores femininas, detalhes e estampas e que nunca fosse um castigo estar elegante, de modo que estar em cia do salto não gerasse calos...
Tá. Isso é sonho. Deixa eu acordar e ir cuidar dos trabalhos.
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