Não
gosto de subestimar panoramas, nem de desafiar regras, apesar de discordar de
muitas delas. Quanto às Leis, muitas são inúteis e tendenciosas; outras, não
parecem sequer corresponder à Justiça, mas ainda assim busco obedecer.
Entretanto,
desde que resolvi voltar à academia, sabia que um vírus não segue normas, não
respeita feriados, não se recolhe em determinado horário nem se submete às
regras do comércio e da economia. O que quero dizer com isso é que todo protocolo
de funcionamento das coisas são meros arranjos, artifícios que atendem a interesses
políticos e à manutenção da vida, porque mesmo gente como eu, que sai muito
raramente, precisa ir ao banco, à farmácia, ao supermercado... E é preciso um
mínimo direito de ir e vir, a fim de não sucumbir às vicissitudes psicológicas de
tanta privação.
Na
cidade em que moro tem todo tipo de aglomeração, tem um comércio pulsante,
entupido de gente, tem festas clandestinas, bares cheios e mil atrocidades
semelhantes mas, lá eu não vou. As pessoas colam em mim por qualquer coisa, devido
ao hábito, presumo eu...ou é curiosidade pelo meu perfume, de forma que evito
sair para estabelecimentos em geral, mas há dias em que me dói ficar em casa,
porque preciso me movimentar. E justamente o movimento, a necessidade de movimento
me fez voltar à academia.
Neste
dias, encontrei uma amiga, que desinibida, falou que já teve COVID.
Hoje,
uma amiga de comportamento exemplar, daquelas que se privam de sexo para
respeitar o isolamento, obteve resultado positivo para a COVID...E no meu
entorno, foram se formando casos – amigos, vizinhos, colegas de trabalho, até
meu chefe.
Para
alguns, é um alívio, porque pensam que não terão outra infecção; para outros, é
a oportunidade de me dizerem: “Você também vai ter, todo mundo terá!”.
Confesso
que o meu ponto de vulnerabilidade é a pandemia são as raras visitas colaterais
que recebo – porque uma pessoa sempre tem contato com outras – mas isso de me
dizerem que minha vez chegará me deixa de cabelo em pé. Se eu escapar de um
problema respiratório -vejam bem, o nome é Síndrome de Deficiência Respiratória
Aguda Grave. Presta atenção nos adjetivos: Aguda, grave! – os sintomas são
horríveis, as dores de cabeça, segundo relatos,
são de enlouquecer, o mal-estar é absurdo, sono se mistura com insônia,
diarreia, febre, etc...ou nada disso, ou seja, se pode se assintomático. E
desde quando não ter sintomas significa estar bem? Se não há remédio, é porque
tudo no vírus é desconhecido, inclusive, os sintomas imperceptíveis,
silenciosos e os que se apresentam depois. Sabe quando a gente admira quem não
sente dor e, depois, percebe que a dor incomoda, mas sem ela não se percebe um
problema ou uma doença? É disso que eu falo. Então, tenho medo, sim. Obedeço
regras e leis e até por isso, não faço spinning nem jump, porque
desobedeceria o uso correto da máscara; para mim, um castigo para a respiração
acelerada que os exercícios físicos assomam.
Vou
à academia por causa da saúde física e mental. Mas, ao mesmo tempo, sei que
multiplico meus riscos.
Estes
são os últimos minutos de novembro de 2020. Em poucos minutos, entraremos no
primeiro dia do último mês do ano...Nosso tempo passa e o calendário não nos
trará dias diferentes, será apenas um verão com restrições e longos períodos de
impacto do que vivemos.
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