Louquética

Incontinência verbal

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Família é aquela que o coração escolhe


Costumo reproduzir esta frase que aprendi não sei onde: "Família é aquela que o coração escolhe". Isso reforça o importante lugar ocupado pelos meus amigos, em minha vida. Eles estão acima de qualquer laço de parentesco sanguíneo. Isso também me esclarece o desconforto e a sensação de incesto quando transei com um amigo meu: olha só, eu nunca havia associado as coisas! Ficar com um amigo é análogo a ficar com um parente. Por isso, não fico mais.
E por falar em ficar e em ficantes, adorei o neologismo de uma amiga minha de turma - as aulas de doutorado e de mestrado são juntas (e eu, caloura, não sei porque é assim...ainda bem, porque a gente conhece mais pessoas, uma vez que minha turma original tem apenas 12 pessoas, enquanto a de mestrado é composta por 40) - é o termo transante.
Ela bem explica que o transante é o sujeito cuja função se torna óbvia, sendo que com ele a operação pode se repetir indefinidamente, com intenções muito claras, sem compromisso, sem chateação, sem ser necessário convidar a pessoa a cair fora, sem ser necessário o desgaste de dizer que é hora de ir ou de explicar outras coisas.
Bom, não deve ser fácil encontrar alguém assim. Ora, "Então, tá combinado/ é quase nada/ é tudo somente sexo e amizade/ Não tem nenhum engano, nem mistério/ é tudo só brincadeira e verdade". Ah, Maria Bethânia, quisera eu descolar um transante que ouvisse suas músicas. um transante que te ouvisse interpretar O meu amor, de Chico Buarque:

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca
Quando me beija a boca
A minha pele inteira fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minha alma se sentir beijada.
O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
Que rouba os meus sentidos
Viola os meus ouvidos
com tantos segredos lindos e indecentes
Depois, brinca comigo
Ri do meu umbigo
E me crava os dentes.
Eu sou sua menina, viu?
E ele é meu rapaz
meu corpo é testemunha
do bem que ele me faz.
O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
De me deixar maluca
Quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba mal feita
E de pousar as coxas sobre as minhas coxas
Quando ele se deita
O meu amor
tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios
De me beijar os seios
Me beijar o ventre
E me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo
Como se o meu corpo
Fosse a sua casa.


Ah, um transante deste tipo me faria declinar de muitas barreiras morais. O que somos nós ante as exigências do corpo?

Um comentário:

  1. Oi, Mara, estou adorando o seu blogue! A blogosfera precisava urgentemente de seu humor! Grande abraço.

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