Louquética

Incontinência verbal

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O Valor do Reveillon


Já passamos do tempo da hipocrisia, pelo menos no tocante à constatação de que dinheiro é importante e necessário e um agente fundamental para a felicidade.
Dinheiro não traz felicidade, dizem. Eu acho que dinheiro sempre traz felicidade. Ele não dá é garantias de que tendo mais dinheiro você será mais feliz, mas, com certeza você ficará mais feliz. Entendeu a diferença entre o ser (será) e o estar (ficar)? todo mundo se alegra com um dinheirinho a mais.
As coisas que não podem ser compradas, tudo bem, elas existem para alimentar nossas angústias.
Lembro de Nicholas Cage, em O senhor das armas, quando resolve conquistar aquela modelo que vem se tornar esposa dele: ele arrasta o que pode para impressionar a moça e ainda diz:"Dizem que amor não se compra. Eu concordo. Mas, que ele dá uma forcinha, ah, ele dá!".
Daí que essa circunferência no post de hoje é porque eu francamente finquei pé de que pagar R$ 370,00 no Camarote Oceania para este Reveillon é coisa de louco. Contudo, quem paga quer felicidade. Quem não quer um ano novo feliz? a sensação é esta, de que você está pagando e será feliz e a noite será alegre.
Reveillon, para mim, depende de festa. Sabe o que é festa? eu estou perguntando porque as pessoas não têm clara noção do que é festa, acham que reunir um bando de gente em torno de uma conversa ou de uma banda e estar em contemplação é festa.
Festa presume música e dança. E gente, claro!
Festa sem música é análogo a um churrasco sem carne, a uma suruba sem sexo, a um conjunto unitário - e, Senhor, ajudai-me a entender porque a Matemática concebeu conjunto unitário. Como pode uma única coisa, um único elemento formar um conjunto? Eu sei que, por ser mulher, as glândulas responsáveis pelo domínio matemático são escassas, mas, vá lá, irmão, pense aí: você já viu um conjunto formado por um só elemento? como pode? que paradoxo é esse? - coisa d einglês, né? one man band (banda de um homem só...vai que é coisa do Cãozinho dos teclados, o Frank Aguiar,hein?)
Deixa a matemática para lá.
Olhe, pensando bem, não deixe não: faça as contas aí para ver se vale a pena gastar uma grana por uma felicidade mínima instantânea que é o reveillon.
Papo amargo, né? tá bom: eu nunca tive um reveillon feliz.
Nunca entendi direito isso: já passei com amigos, com namorados, pulando sete ondinhas, em mar e etc., mas nunca tive um reveillon feliz.
Talvez seja a falta da festa.
Se sou hiperativa, tenho energia para gastar, para detonar, preciso canalizar esse meu fogo no...espírito para algum lugar, não é?
Agora me pergunte se eu já tive um carnaval triste? Não que eu me lembre.
Mas é um negócio isso. Sim, reveillon é negócio!
Pior é o day after: pense, a gente fica até cinco da manhã sem dormir. Aí sempre tem a peste do amigo mala que quer conversar porque não está com sono.
Tem também o vizinho que resolveu emendar um pagode no dia 01 e o som fica alto na vizinhança.
Depois de muitas perturbações, você resolve acordar sem ter dormido - haja corpo mole, ouvido zumbindo, sensação de que deitou embaixo do elefante e, a depender de sua vida sexual, vai pintar uma terrível e inexplicável dor na bunda.
Eis o dia primeiro do ano: praia? nada feito: tudo emporcalhado e uma infindável quantidade de rosas e palmas devolvidas por Yemanjá.
Restaurante e bares? tudo fechado, eles ,que lá trabalham, têm que dormir.
Nada de cinema.
Nada de praça de alimentação.
Sorria: você está sozinho.
Se estiver na Bahia, aí, mano, tu tá f#dido: é se preparar para almoçar algum enlatado esquecido na geladeira, aquele que as visitas indiscretas não devoraram e tocar a matar o tempo até o Pôr-do-som, na Barra. Aí você vê gente. Só não vai ver a cantora, né? porque tá tudo lotado de gente e o show das 17 horas começa às 20h30min.
Então "Volto para casa abatida, desencantada da vida" à espera de que a felicidade venha, finalmente no dia 02.

Nenhum comentário:

Postar um comentário