Louquética

Incontinência verbal

quarta-feira, 12 de março de 2014

Vida: Campo de provas


Já faz tempo que eu digo que tenho um muro a derrubar. E faz mais tempo ainda que eu digo que o muro, hoje, não passa de pequenos escombros. Bem, formalmente me resolvi com o muro. Interiormente, ainda sinto que ele está aqui, embora seja somente a sombra do que foi.
Depois de minha última tentativa de extinguir o muro - não dava para explodir, implodir, destruir apenas... - fiquei pensando que, seja como for, há um processo cansativo de avaliações na vida, de pontos a defender, de provas a responder, de alternativas para escolher, naturalmente arcando com o ônus dos erros e das escolhas incorretas. Mas, em resumo, a vida se compõe de eternas provas e processos avaliativos.
Até a gente avalia o passado que teve, avalia atitudes tomadas e é capaz de tentar mensurar numericamente o quanto ama ou é amado - muito, pouco e até estatisticamente.
Ao nascer, a gente tem que chorar para ser avaliado e aprovado nas demonstrações de que somos saudáveis; depois virão as concorrências afetivas com outros membros da família, as corridas e disputas para ver quem chega primeiro, quem ganha, quem tem sei lá o que maior, melhor e etc...
Na escola, avaliações de todo tipo - das provas aos processo de se sentir desenturmado;
Ao crescer, vestibular. Na universidade, provas; na Especialização, Monografia e/ou Trabalho de Conclusão de Curso; no Mestrado, dissertação e defesa, com banca metendo o dedo na cara da gente para avaliar, com arguidores afiados para falar dos defeitos e não dos acertos; no Doutorado, tese e semelhante processo.
Para apresentar e publicar um artigo, carta de aceitação após avaliação de banca específica;
Para dirigir, avaliação psicológica, simulado do DETRAN, aula prática, prova teórica, exame de rua e, finalmente, com a CNH em mãos, um ano sendo avaliado, portando uma carteira provisória.
Para emprego, entrevista; para concursos, provas...
A saúde, então, sempre passado por exames - de sangue, urina, TSH, colesterol...
E quando você acha que finalmente tudo acabou porque você morreu, vem o Julgamento Final para saber se vamos para o Céu, para o inferno ou para o Limbo. Ou, quiçá, que todo mundo está errado, todas as alternativas religiosas para o post-mortem estão erradas e c'est fini!

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