Tenho
assistido a manobras interessantes no tocante ao relacionamento entre mulheres
e cafajestes: se eles justificam a promiscuidade sexual através de argumentos
que comparam homens e animais, ilustrando, para tanto, que na natureza os
machos têm muitas fêmeas, enquanto o oposto é antinatural, ao invés de apregoar
que há espécies animais fieis, ou mesmo que o processo de socialização separou,
de vez, homens e animais, distinguindo-os basicamente pelo controle dos
instintos ou, as mulheres que conheço investem na aplicação de mentiras agudas
concentradas. Deste modo, as moças estão contando mentiras agradáveis e
deslavadas a fim de iludir os cafajestes.
Lógica
duvidosa em princípio, porque corresponder às expectativas machistas dos
cafajestes seria contribuir para a manutenção de bases patriarcais, sexistas e
machistas. Mas vejo que é o oposto mesmo: uma mulher que corresponda aos moldes
machistas não caberia no mundo de hoje.
Não
vou dizer que não me incluo entre elas: também minto. Penso duas vezes, se não é
ousadia demais satisfazer o ego dos cafajestes e Babacantropus erectus de
Neanderthal. Ora, é cada pergunta! Ora, é tanta ânsia em ser o primeiro em
alguma coisa na vida sexual das mulheres (na minha), em ser o melhor na vida
sexual das mulheres (na minha, de novo)... E estas alternâncias que escrevo e
descrevo como gerais (das mulheres) e da minha, é porque é assim mesmo Recentemente
o cafajeste com quem tive um rolo (ah, é preciso dizer: iludir um cafajeste
também inclui fazer de conta que não terminamos com ele, embora a gente passe
um mês se esquivando de encontra-lo), foi me perguntar se eu já tinha uma
experiência daquelas bem básicas do sexo. Como eu sabia da expectativa dele,
neguei. Mas neguei por mera ironia: como ele pode acreditar? Nunca achei que
ele acreditaria: rapaz experiente, currículo sexual de mais de 300 páginas
excetuados os elementos pré e pós-textuais, e cai numa lorota dessas. Até a mãe
dele já fez!
Já
os ménage a trois, as olimpíadas sexuais, as tantas maratonas para desvirginar
garotas, o cara exibe como troféu. Era, então, para que eu exigisse dele pouca
experiência sexual. Por que ele exibe a vida sexual e espera que a minha seja
discreta? Era, sim, para que as mulheres revidassem no mesmo tom. Assim seria,
se fôssemos ignorantes.
É
preciso que eu diga: quando eu fico com um cafajeste ou Babacantropus erectus
de Neanderthal, não sei previamente que ele é desta ou daquela espécie. Os que
se mostram, de cara, cafajestes, eu nem chego perto. Odeio cafajestes. Mas, se
eles já se instalaram, aproveito a carne em oferta no mercado. Mas é assim:
também não valorizo homem vulgar: - carne para consumo dos desesperados.
A
vigilância sobre a sexualidade das mulheres vai longe!
Também
por estes dias conheci outro cafajeste. O problema foi que identifiquei logo e
não quis nada com ele, fiquei enrolando, já que minha amiga intermediou o
contato, a pedido dele. Deus me livre!
O
problema de pegar cafajeste é a ressaca moral: ela sempre vem. Pior é quando o
peste já se instalou no meu Facebook e eu tenho que aguentar aquela cara
constantemente ali.
Já
houve um tempo melhor: o tempo do HDM (Homem De Manutenção), tempo de P.A. (Pau
Amigo) e outras companhias sexuais legais e respeitosas. Era muito bom!porque
eram relações claras, sem vínculos, mas com certo grau de sociabilidade, afeto,
amizade e noção de limites. Desta forma, até para a gente se desfazer dos laços
mínimos entre as partes, as coisas eram gradativas, naturalizadas...
Talvez
haja aí questões de postura, porque um homem pode ter mil mulheres e tratar a
cada uma com respeito e deferência, o que não é antagônico com o sexo. Não é
por haver envolvimento sexual que as pessoas devem se desrespeitar ultrapassar
os limites do bom senso e consideração recíproca. Infelizmente, tem os babacas,
sempre vazios, superficiais e egocêntricos. O que a gente pode fazer é
dispensar um tratamento à altura: mentir, fingir, iludir...Se for possível
fugir, melhor. Mais um daqueles venenos para os quais o antídoto é a distância.
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