Louquética

Incontinência verbal

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

(Des) Amor in a flash


Mudei de perfume. Tem mulher que, para operar uma mudança, corta o cabelo, como se mudasse a própria cabeça, ou como se quisesse mudar de fisionomia para tentar ser outra, se renovar, ser outra mulher - aí é mais comum em casos de separação.
Sempre usei Éden, da Cacharel,  Resolvi trocar para Amor in a flash, também da Cacharel. Acho que o perfume veste a gente - Marilyn Monroe não estava errada ao dormir usando apenas um Chanel número 5.
Amor in flash quer dizer 'amor à primeira vista'. Há quem acredite que isso exista. Porém, desamor à primeira decepção, poucos dizem existir. Aconteceu, porém, comigo!
Desde que eu li, na página do meu ex-amado Vinícius, um texto feito pelo amigo dele, que falava de mim indiretamente, sob o pseudônimo de 'ser pragmático', contando algo assim, aproximadamente: Vini era tratado como amigo pelas mulheres que ele queria, até o dia em que um 'ser pragmático' elogiou o diferencial dele, ou seja, o bom gosto musical e a escrita. Á moda de Drummond e o poema "Quadrilha", desenrolou-se a história. Ele, então, absorveu estrategicamente o lado bom de uns e toques ruins de outros amigos próximos, se conscientizou que quem come calado, come várias vezes e até a presente data, saiu da friend zone em que o colocavam, vive passando o rodo nas moças, ora descritas como 'ar negas',
Pode não ter sido em um flash, mas posso afirmar que desde então meus sentimentos não são os mesmo. Posso afirmar categoricamente que, se hoje, ele propusesse me ver, a resposta seria um não tão redondo quanto o maior círculo que um compasso possa descrever.
Ele passou a integrar o lugar comum. Saiu do diferencial, virou um cafajeste vulgar, comum, uma pessoa como qualquer outra, sem nada de especial.
Em princípio eu tive ódio, devido à exposição de minha história com ele. Depois vi que ele faz parte dessa história e tem o direito de partilhar com os chegados dele. Mas dentro de mim, sinceramente, algo mudou e a chama feneceu.
Nunca tive nada com ele que excedesse o abstrato. Projetei nele o ideal de uma boa parceria intelectual, desses companheirismos de ouvir músicas e partilhar opiniões, discutir coisas...Diferente da relação que nem é relação, com G., algo realmente para acalmar as exigências do corpo.
Para mim, Vinicius jaz.
Lembro é com tristeza e pesar do tempo que perdi com essa história besta. Na verdade, nunca houve nada.
Andei meio perdida porque tive um sonho com ele, bem freudiano, antes de voltar do Ceará: ele me encontrava numa casa imaginariamente minha. reclamava de uns descasos do quintal. Meu pai chegava e a gente passava pelo lado da casa.
Ele enfrentava o meu pai, falando normalmente com ele. Meu pai entrava aparentemente em minha casa. Vinícius me beijava tão intensamente que me sufocava. Eu tomava ar. Ele me beijava sufocando de novo. Daí acordei e tive medo de dormir de novo.
Fragilizada, atordoada e idiota, mandei uma mensagem para ele e de manhã a gente se falou.
Toquei, dias depois, no assunto do texto que está na página dele. Sugeri mesmo que ele estava em estado embrionário de cafajestagem.
Neste mesmo dia, falei a ele parecer favorável que eu obtive numa revista Qualis A em relação a um artigo meu.
Nada.
Nunca me respondeu.
E como sou adulta e não perco meu tempo excluindo de what's app ou de redes sociais a quem eu previamente já excluí de minha vida nunca mais dei notícias, nem darei. Ao contrário, estou orgulhosa de mim por ter percebido que insistências tolas não valiam o possível prêmio. Não amo cafajestes.
Gosto de namoro por tempo indeterminado, aceito ligações e conexões de outra natureza com os homens, mas, acima de tudo, se deixou de ser especial para mim, não destino sentimentos especiais a este tipo. Acabou. Game over.
Um dia eu disse que ele tinha defeitos respeitáveis. Acho que ele me desrespeitou, depois, em muitas circunstâncias.
O problema do desamor in a flash é que a gente fica com a visão turva, sem saber se amou tanto quanto pensava, ou sei lá mais o quê. Passou. Ou a mágoa se tornou maior que o suposto amor.
Não falo de fidelidade, que é artigo de luxo dado a poucos merecedores e, particularmente, desde 14 de abril do ano passado tenho um affair com G., meu canalha particular para consumo instintivo...Logo, não é a questão da vida amorosa do rapaz, mas do modo como isso se processa.
Talvez eu fale 'nunca mais' além da conta. Mas é isso: Vinícius, nunca mais! E tal como diz Manuel Bandeira, "Amor - chama, e, depois, fumaça..."

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