Louquética

Incontinência verbal

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Termos reais da liberdade de ser


É preciso saber sobreviver ao caos. Fácil não é. O que nos cabe é ver que a vida da gente pertence à gente e é preciso tomar conta, cuidar, tomar a responsabilidade pela direção das coisas. Viver dá o maior trabalho.
Tive que dar um fora formal em alguém que não quero que saia da minha vida. Está aí uma coisa que os homens, em especial, não entendem: terminar uma relação ou um relacionamento que o outro acredita que existe é praticamente uma causa perdida quando a gente quer continuar sendo amiga da pessoa, quando lhe denota carinho, afeição e cuidado.
Sou fraca: não fico bem ao perceber que causei mágoa. Juro: até com ex-amigos e ex-amigas, eu realmente não lhe desejo o mal, oro sinceramente por boa parte deles, reconheço meus erros e pisadas de bola, quando os cometo e se as coisas redundam em término de amizade, de amores, de contato, é sempre por uma justa causa da qual conclui que insistir na manutenção da relação seria abrir as portas para novos conflitos, novas contendas, novas decepções. Acho que isso me fez ser rancorosa, não no mal sentido, mas no sentido de não esquecer do que a pessoa foi capaz de fazer a mim e, portanto, procurar não lhe dar novas chances de cometer o mesmo ou o pior. No fundo, a recorrência de alguns episódios deixa claro que a gente perdoou outras vezes...E olha no que deu?
Então, terminar não quer dizer o fim dos bons afetos, mas a mudança do tipo de afeição. Sim, eu admito: tem gente que eu gosto e gosto bem longe de mim, pois a proximidade seria inútil, cansativa, seria uma porta aberta a dissabores porque ninguém muda por nós. Desta forma, é a gente quem tem que mudar.
E não me refiro a mudar de personalidade, alterar o que se é, mas mudar de atitude no trato para conosco.
Aquele relacionamento - amor, amizade, companhia- teve suas coisas boas que o geraram e o sustentaram. Postas na balança, se essas coisas decrescem e são menos importantes que acontecimentos graves e desagradáveis está na hora de dizer tchau e encerrar o assunto.
Andei me livrando de relacionamentos paralelos. Uns eram até irreais, era gente com quem eu falava, mas que eu não via, não pegava, não estava...
Este a que me refiro, não: tenho um extremo bem querer pelo sujeito, que eu não via há mais de três meses.
Gosto dele. Temos bom companheirismo. Mas não é namoro nem coisa parecida e não quero mesmo que pareça, porque eu gosto (apesar de gostar pouco, eu sei) do poeta. Não foi por fidelidade ou por pactos similares que eu me desliguei de todos os outros: foi por mim. Eram apêndices, inúteis emocionalmente...
Depois do sonho com o meu marido de outra encarnação, acordei pior ainda no tocante a fazer a varredura desses resíduos de relacionamentos.
Mas o cara a quem me refiro, eu gosto. Gosto, tenho cuidado, carinho, um tipo de amor especial,  que os homens odeiam, que é amor de amigo, amor de irmão.
Não queria nunca ele longe de mim. Mas ele não aceita o fim e não aceita ser relocado em áreas, para ele, subalternas. Às vezes acho que é o velho sentimento de castração, por se saber desejado mas não de forma sexual.
Para mim, todo bom sentimento é válido.
Já fui mais revoltada e rebelde, mas hoje em dia eu, sinceramente, não quero causar mal-estar, mágoas, desconfortos. Mas não gosto de ver minha liberdade ameaçada...
Amo minha solidão: estar em casa sozinha, sair quando quero, não temer olhares, fofocas, mal-entendidos...
Só namoro quem me pede em namoro. Se isso não ocorrer, não assumo relacionamento nenhum. E qualquer um de nós dois poderá alegar sem ofensas que não tem nada um com o outro. Namoro só é namoro quando se formaliza. Ponto final.
Bem, a vida, neste ínterim, vai um caos. No resto, nem sei como, mas tenho dado conta do trabalho e das leituras profissionais, assim como as da vida espírita. Graças a Deus!
Também me resolvi direitinho com sentimentos por Vinícius (sim, já passou), com rolos besta com F., com essas pendências idiotas que nunca me levaram a nada. Faxina de relacionamentos mesmo.
Tenho visto, com alguma tristeza, porém, o pouco caso que os homens fazem das mulheres, talvez por acharem que quantitativamente somos muitas: ao invés de valorizar as bonitas, inteligentes, independentes, companheiras, criativas e sexualmente dispostas, preferem o velho rodízio que lhes garanta a diversidade, de modo a espantar o tédio e o compromisso. Mas não posso criticar tanto, porque no fundo eu não tenho estabilidade a oferecer; eu sou uma pessoa desconfiada, do tipo que acha que o preço da liberdade é a atenção contínua. Então, melhor todo mundo ser livre a ter que ser hipócrita.
Também decidi que nunca mais vou insistir em palavras com quem me deixa no vácuo. Ora, se não me responde, não quer falar comigo; se não me procura, não quer me ver. E se há uma lição que aprendi e repasso, rezando para o cara de quem falo um dia pensar assim também, é que quem não nos corresponde não tem culpa por isso.
Eu condeno, sim, o jogo besta; as esperas, isso de você alimentar coisas, contatos e fantasias e nunca realizar; marcar e não aparecer...Eu também fiz isso, em certo grau, mas me arrependi e vi que mantive a ideia para não magoar o sujeito. Mas não pratico nem alimento mais isso. Cada um com sua realidade e comigo, todos na real.

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