Louquética

Incontinência verbal

terça-feira, 11 de agosto de 2009

O príncipe


Eis um título que nos remete a Maquiavel. Sim, o príncipe de Maquiavel é a encarnação da estratégia política, é o ensaio e o germe intelectual do estilo carismático e populista, esvaziado na popularização da idéia de se questionar ser melhor ao príncipe ser amado ou ser temido.
Meu príncipe é outro - sendo esse mesmo, porque ele foi maquiavélico ao estar comigo, ele foi carismático, ele tomou o poder, ele se apoderou de mim e dos meus pensamentos nestas quase 24 horas após o nosso encontro e nas 36 horas que o antecederam.
Quando eu conheci Thales foi numa situação traumática de um assalto de que fomos vítimas, juntamente com uns poucos passageiros que ocupavam aquele ônibus que me conduziria de volta à cidade onde moro.
Solidariedade recíproca na tragédia, trocamos números de telefone. De cara, achei ele lindo...e inacessível, impossível e etc. Mas a continuidade do contato mostrou o contrário. E o contato se estabeleceu desde agosto de 2006, se desdobrando em flertes, fantasias alimentadas, eventuais encontros em situações banais e troca de e-mails.
Ontem, finalmente, a gente ficou juntos.
Poxa, ele é um príncipe.
Cavalheiro, educado, solidário, lindo, interessante...ele tem olhos verde-claros, 1,90, cabelos lisos e lindo, parece Hugh Grant.
Nunca imaginei nada disso no contato real. Sendo lindo, julguei que ele fosse convencido, egoísta e ensimesmado.
Por ser rico, imaginei que ele fosse um boyzinho metido e oco. Enfim, transformei em possibilidades de decepção, ou melhor, transformei em defeitos imaginários todas as qualidades dele. Talvez eu esperasse a confirmação do estereótipo.
Então ele também me disse que as mulheres bonitas com as quais ele já esteve eram insuportáveis, "pessoas que se importavam mais com os próprios cabelos do que com a honradez de ter assunto que rendesse conversas". Pontuou muito bem o que me fez interessante para ele.
Diante de tudo isso, confirmando que ele era um príncipe, fui me sentindo pequena, me sentindo pouca para compartilhar a companhia de uma pessoa tão dotada de coisas boas.
Ainda me sinto assim.
Gostaria que ele me ligasse após uns quatro dias, para alimentar as neuroses da espera, claro...e queria ficar com ele infinitamente, até que os reais defeitos dele destruíssem nossa relação.
Se não bastassem os qualitativos diretos, ele beija muito bem; ele é intenso no sexo e parece que tinha o mapa do meu corpo porque sabiamente percorreu meus labirintos. Foi tão ímpar que eu me senti em dívida, me senti incapaz de dar a ele o prazer que ele me deu...e ele foi extremamente educado e cavalheiro. Meu príncipe! bem, pronome possessivo que eu adoraria poder utilizar sem restrições.
O amor é cruel, é igual às representações literárias de amor que Clarice Lispector compôs - talvez em A menor mulher do mundo, esse duvidoso amor que quer o outro para si seja mais enunciado.
Quero ele para mim.
Não tenho nenhuma estratégia ou ferramenta para isso: o príncipe tem, por isso vence as batalhas e os opositores.
Mas o príncipe é também alvo de disputa - as donzelas esperam por ele, as malvadas, se enlaçam em seu pescoço, as bruxas armam situações, as madrastas o cooptam... e são muitos os obstáculos até chegar ao beijo que desperta e ao "felizes para sempre". Quem me dera, meu Deus!!!
Penso naqueles olhos, naquela boca, naquele rosto, na forma como me acariciou a todo tempo, num carinho que eu não sabia que ele me daria e que temo, gato assustado, não ter correspondido à altura.
Coincidentemente, ele me deixou em casa exatamente à meia-noite. Agora, a carruagem virou abóbora e eu me sinto a maior borralheira da história da humanidade... se existisse fada-madrinha eu imploraria a ela qualquer modo para que este sonho nunca acabasse.

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