Louquética

Incontinência verbal

domingo, 6 de outubro de 2013

Nós dois


Ele me disse não saber lidar com a minha proposta de namoro por tempo indeterminado.
Ele explicou que não tem jeito: acha que ao amar uma mulher, precisa casar com ela, para ter estabilidade, para tê-la para si, para estar com ela.
Ele reiterou, sem jeito, que sim, é amor. E me deu o maior abraço que eu já recebi na minha existência:completo, demorado, atemporal, sem pressa, para sentir o corpo e a presença estremecidos pelos batimentos cardíacos, embora ele jure que o coração parou.
Ele me disse que tem medo.
Ele pediu para que eu ficasse com ele, até de manhã e propôs com todas as letras que a gente fosse bem cedo comer pastel na feira ou, se eu preferisse, ele faria aquele café que eu amo... Mas eu não fiquei, estava angustiada, precisando dormir... Mas saí da casa dele duas e meia da manhã, depois de muitos acertos de contas sobre ciúmes, futuro, famílias, passado... Ele deve ter entendido que o namoro se faz de tudo isso e que casar não elimina as indeterminações e as inseguranças... Ele deve ter entendido que se fico com ele, não durmo. Sei que não durmo porque fico aproveitando a presença dele, o momento ao lado dele, sentindo os cabelos dele, que não deixo quietos...
Eu disse: "...". Eu disse um silêncio porque não sabia mais o que dizer, até que ele me perguntou se eu o amava muito ou pouco. Nunca imaginei que isso importasse tanto: muito ou pouco. Muito ou pouco é um atenuante que a gente usa para reforçar ou amenizar o fato. Aí, quem teve medo fui eu.

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