Louquética

Incontinência verbal

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Que roubada!




No Dia do Professor, fui assaltada no ônibus intermunicipal que me levava para Salvador, para o exercício do meu trabalho, às 15 horas, já em solo soteropolitano.
Era um casal padrão de assaltantes. Daí, já disse tudo, para deleite do politicamente correto. Creio, porém, que a mulher assaltante, desejou muito tudo que eu tinha, inclusive a minha cara, a minha postura e a minha vida. Levou o que pode: livros, apostilas, xérox, maquiagens, perfumes importados – pois para a sorte dos ladrões, houve greve dos correios e o aviso de chegada dos produtos chegou a um dia de expirar o prazo de devolução ao país de origem; finalmente a classe G teve acesso a Cacharel, Stila, DKN e outros. Logicamente, meu prejuízo foi grande e eu tive que ouvir os hipócritas dizendo que ‘ainda bem que não levaram a vida da gente’, donde posso deduzir que recomendam a gratidão aos assaltantes.
Outros tantos ficaram de cabelo em pé e me recriminaram porque baixei meu repertório de pragas – e de fato eu desejo a eles uma vida longa, dolorosa, de preferência com enfermidades e sofrimentos físicos.
Fico feliz, porém, porém, porque para os muitos que creditam a violência e o roubo à falta de acesso à educação e à cultura, pelo farto dos ladrões terem levado meus livros, cadernos, xérox e apostilas, finalmente este problema será resolvido e eles se tornarão pessoas melhores.
Certo: a gente se vira, rala, trabalha e compra tudo de novo. Mas, cá para nós, o que é meu me pertence de modo muito lícito, é fruto de meu trabalho e não comprei nada para presentear ladrões.
E como diante de uma arma somos impotentes, assumo meu lugar, pois se assim não fosse, nada me daria mais prazer do que descer a mão na ladra escrota e desclassificada que levou meus pertences e, logicamente, devolver as gentilezas ao senhor Ladrão que aterrorizou nossa viagem. Mas, como nada posso, entrego a Deus e espero que ele protocole o meu pedido e dê andamento ao processo.
Ainda bem que eu sou humana e tenho o direito de me revoltar. E assim sendo, desejo que eles se lasquem o quanto antes, mas que vivam muito e muito tempo a condição de sua infelicidade, aplacada pelo prazer temporário de levar o Mal aos outros, retirando-lhes os bens.

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