Louquética

Incontinência verbal

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Os erros do Cupido





Às vezes eu paro e fico olhando o retrato dele, em busca de alguma certeza, ou para me chamar novamente à realidade e dizer a mim mesma que ele é somente um ser humano como outro qualquer e que o amor, a paixão, tudo não passa de uma construção maluca e idealizada que as mentes vulneráveis criam e atribuem ao coração.
Ele não se sente seguro comigo, nem eu com ele: por isso não me decido, deixo a água rolar, mas temo que tudo vire uma enchente. E essa nossa atordoante sinceridade, onde vai parar? Porque falo o que penso e o que faço e ele também. Como se minha vida fosse somente isso! E a sempre presente afirmação dele de que não há espaço para ele em minha vida. Não entendo isso. Não entendo a briga porque digo ao nosso amigo em comum, quando indagada, na frente dele, que quero o namoro por tempo indeterminado porque gosto de minha liberdade, de fechar a porta e ouvir música ou estudar; de ter segredos; de ter escolhas; de dormir até morrer... de esperar por ele, de buscar por ele, de sentir a falta e as ansiedades.
Somos ciumentos: após o aniversário dele, fiquei sem dormir, como sempre. No dia seguinte estávamos loucos para nos encontrar, mas havia o sono, o cansaço e as urgências da vida prática. Decidimos que ficaríamos em casa, cada um na sua. Não telefonei mais depois das oito da noite. E no domingo passei o dia evitando ligar, talvez esperando que ele ligasse... Até que ele ligou, perguntando o que  eu estava fazendo. Eu disse que estava assistindo ao primeiro episódio da terceira temporada de Revenge, no Canal Sony, e que estava jogada no sofá, sonolenta, isso era cerca de 15 ou 16 horas... Em bom idioma baianês ele disse: “Então, ontem o reggae foi bom!”, indicando que meu sono era o saldo da festa que eu supostamente fui. Não fui à festa alguma sem ele e confessei que também achei que ele não ficou em casa coisa nenhuma. No fim, li tudo isso como desconfiança e ciúmes recíprocos. Depois achei bonita a nossa humanidade expressa nesses defeitos.
Na noite anterior, ele, que vive me falando de medo, reclamou porque eu disse ter medo de me envolver ainda mais: “Com as outras pessoas você não teve medo. Por que só comigo precisa ter?”. De onde será que ele tirou que eu não tive medo de gostar de alguém além dele?
Errei muito, porém coloquei a culpa no Cupido.
Perdi o jeito de viver histórias de amor. E esta era somente uma história de paixão sexual, de sintonia sexual... E talvez ainda seja e a intensidade tenha feito a gente confundir tudo. Se 'quando bate fica', está ficando mesmo!


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