Louquética

Incontinência verbal

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Enquanto não morro, corro!


Vamos falar sério sobre as partes dolorosas da vida? Então, vamos lá, pois você não pode dormir sem saber estas duas novidades: 1) Todo mundo vai morrer um dia; 2) Antes de chegar o dia da morte, se você tiver sorte, terá envelhecido. Pronto! Agora todo mundo está sabendo.
Minha ironia hoje é porque as pessoas têm medo de pensar na morte. E uma hora ela chega. Chega e bafeja quente na nossa nuca, na morte de amigos, parentes, conhecidos, próximos, naqueles que, sem querer, a gente testemunhou expirar... E o processo é assim: a gente nasce; a gente cresce. Acabou o crescimento, tudo é envelhecimento, isto é, a gente começa a se acabar.
Falei aqui, outro dia, dos efeitos da musculação e do reiki sobre meu corpo.
Quando fui à academia, claro que eu queria melhorar meu corpo, mas pelo tipo de pessoa que sou, pouco afeita a ficar parada, contemplativa, num sofá ou num canto qualquer, queria mesmo era movimento.
Valeu a pena.
Hoje, meu treinador me pediu para eu não fazer mais exercícios aeróbicos em dia de treinamento de membros inferiores. Disse ele ser uma sobrecarga. Daí eu passei a entender que meu treino é pesado. Nunca achei isso, porque não sou atleta e, tendo envelhecido, achei que qualquer instrutor fosse me subestimar, passando um treino leve.
Eu não sabia que era pesado.
Não obstante, neste domingo eu tentei comer até enjoar, porque queria ter 61kg e não 60. Dai que tenho mesmo perdido peso e não gosto de exageros que me deixem com a cara pouco saudável.
Não gostei da advertência.
Sempre corri 5 km todo dia (3 correndo e dois andando). Faço com prazer.
Meus treinos de braço são complexos.
Mas vamos lá: não precisamos esconder a idade ou nos fingirmos de novos. Porém, precisamos de exercícios físicos, sim.
Depois que comecei, não posso mais parar.
Iria piorar tudo.
Todo dia a gente morrer. Todo dia o organismo fica mais lento, o metabolismo processa as coisas mais vagarosamente...
Minha cintura voltou para mim, já não tenho uma musculatura gelatinosa no culote, nem me envergonho do meu bumbum, como antes.
Já disse: não tenho corpo de madrinha de escola de samba, mas tenho um corpo com o qual me sinto feliz. E, ainda por cima, sou ativa, agitada, sem pretensões a sedentarismo.
Quanto mais a gente se abandona ao sofá, à inércia, à preguiça, mais a gente cede aos efeitos do envelhecimento.
Não dá para assistir à morte chegar, sem fazer nada.
A barriga sempre irá crescer, se ninguém a detiver.
A celulite irá devastar o corpo, se for deixada correr livremente pelo descampado da preguiça.
Aquele braço que parece uma mortadela ira parecer um botijão, se nada for feito.
Não é pela ditadura da moda, não: é pela saúde física e pelo bem-estar psíquico.
Todo mundo tem o direito a odiar academia - não é um prazer intrínseco, salvo para alguns obstinados. Mas há outras alternativas - dança, corrida, jogos, esportes, natação, corda para pular, sei lá mais o que...
Ninguém vai virar atriz de novela das nove por se exercitar. Porém, sem se exercitar o saldo será bem pior e ainda deixará a pessoa à mercê do processo biológico inerente ao sedentarismo a longo prazo.
Nem tudo que nos faz bem causa prazer.
O prazer é correlato, é o ganho secundário de estar bem consigo.
Tenho  medo de quando me faltar tempo - tenho medo do pretexto dos outros um dia virar um pretexto para mim. Mas nunca faltará tempo para a academia: porém, agora, tenho mais tempo e por isso os resultados são mai rápidos e visíveis.
Agora que não vou mais fazer aeróbicos como antes, entristeço. Gosto de correr. Aprendi a gostar. Antes eu respirava mal, não tinha resistência, vivia com rinite, com uns sufocamentos...
Mas é aquilo que eu disse antes: aqueles que não fizeram atividade física na adolescência, alegando falta de tempo; e na fase adulta não fizeram porque o tempo era para a faculdade, os filhos e etc., sempre fabricarão seus pretextos: a verdade é que não queriam e não fizeram. O pretexto é para si mesmos, mais que para os outros.
Quem quiser melhorar, que corra atrás (ou na frente - só não deixe de correr).


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