Chamo de tecnologias
dispersivas a todos os aparelhos e recursos que cooptam nossa atenção, levando a que
declinemos de obrigações, metas e compromissos, a fim de nos dedicarmos a eles.
Lógico,
especialmente o Facebook, o What´s app e a Netflix – em que caiba acrescentar
todas as nossas fugas pela internet e no smartphone.
Não é possível
estudar ou concluir (quiçá começar) um texto dividindo a atenção com as
tecnologias dispersivas.
Elas são feitas para
dispersar nossa atenção, porque as notificações, as mensagens e os conteúdos se
sobrepõem uns aos outros, chegam aos bandos e, no caso das séries, escravizam pela
ansiedade do próximo episódio, do desfecho de coisas até mesmo já vistas.
Interessante é ver
tudo isso e assistir ao crescente emprego da Ritalina entre as pessoas. Como se
pode ter atenção e foco se fomos e somos estimulados a zapear em tudo?
Dose. Quem sabe estabelecer a dose, não se embriaga. Eis uma saída.
Em minha vida não há
nenhuma perspectiva de grandes surpresas, coisas inadiáveis ou recados que vão
mudar os rumos de meu destino. Desta forma, se não acho que as mensagens que
virão, por qualquer meio, sejam elementos transformadores, posso determinar ver
depois ou que horas ver/ler.
Isso ajuda a
controlar à ansiedade. E também ajudam a focalizar o que realmente é importante para mim, entre a tecnologia dispersiva e o que quer que seja.
Fico dias sem
Facebook, mas não fico sem consultar meu e-mail.
Gosto de sumir,
também.
Há capítulos da
minha vida que eu não discuto em lugar algum, há fotos que eu nunca publico,
lugares a que fui e que não divulgo, gente e trabalhos que fiz e faço e que
omito de todos...Isso me diz que tenho controle sobre aquilo que quero que apareça.
Isso também me diz o
que esperar dos outros e que eu não devo perder tempo com a vida de gente que
não me interessa, pois aí, sim, estarei dispersando minha atenção, voltando-a a
eventos fúteis.
Diferente disso tudo
é o uso lúdico e útil dos recursos tecnológicos: se eu estiver com sono, abro o
Facebook e o sono passa, para eu voltar à atividade; se a leitura me enche, vou
ao Facebook espairecer com bobagens, uso o videogame, faço algo assim e o mesmo
se aplica a todo o resto.
Mas também me
disperso. A vigilância ao fato é que me faz retroagir, me policiar e me
corrigir.
Da mesma forma que
eu não faço questão de joias, não faço questão de tecnologia de ponta: quero um
telefone que me permita telefonar, que tenha recursos úteis e que dure. Pronto.
Juro que não estou nem aí para o S11, se houvesse, ou para os modelos
milionários. Na minha vida real, não me acrescentam nada, exceto parcelas a
pagar.
Não tenho e não
terei microondas. Para quê? Inútil em meu caso.
Decerto, não tenho
condições de ter um carrão, mas não quero um que seja um problema pagar o
IPVA, o seguro, as peças, a manutenção...E que me torne alvo preferido de
ladrão. Como não posso, procuro a opção possível que atenda minhas
necessidades.
Não sei viver sem
telefone fixo. Acho uma pobreza absoluta, acho que é estar abaixo da linha
senão da miséria, da avareza, você não ter: é que celular não serve para tudo,
não tem créditos sempre e traz uma série de limitações que, na hora do vamos
ver, deixam você na mão.
Ainda falando de
tecnologia e inutilidades práticas, vi umas fotos de amigas minhas, cuja imagem
estava perfeita demais. Outras dessas imagens, estavam bem artificiais: a moça
ficou parecendo um palhacinho plastificado; em outra foto, estava uma
bonequinha...E estranhei que no Facebook,
de repente, todas estivessem maquiadas do mesmo modo. Ninguém confessa a
tecnologia.
Por acaso, mexendo
no smartphone, vi e baixei o IsntaBeauty: este foi o segredo da duvidosa beleza
do povo do Facebook.
Experimentei: uma
tragédia. O recurso é bom, sim, é um photoshop poderoso e setorizado...Mas os
resultados são bem artificiais.
Bem, este texto
também é uma forma de dispersão, porque acabei há pouco o meu trabalho, que me
cobra muita atenção...E quis espairecer, porque vou precisar criar um texto
científico daqui a pouco, para um evento.
Aos que se
interessam pela minha semana, eis o boletim: mandei o crush de Seabra se catar;
mandei o ex-Grande Amor da Minha Vida se emendar, não quero mais flertes bestas
(ele já fez a escolha dele e eu não gosto mesmo dele...então, vamos deixar de
complicação). Isso também é uma forma de dispersão: pulverizar a atenção afetiva
e libidinal entre os flertes, para não se dar a ninguém, em especial. Cancelei
o flerte com Vinícius e quem ainda não recebeu meu bilhete azul foi por conta
de eu respeitar o momento das pessoas ou estar mesmo com pena. E o resto é pura
poesia no corpo, nestas noites frias do sertão em quem habito – como não sou
hipócrita, ratifico: “quando bate, fica”. Ficou. Não tenho vergonha de gostar
de sexo...
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