Ah, meu Deus, como
eu ando sem saco para as criancices dos adultos!
Mal suporto a
criancice dele, que se sentiu preterido porque eu não quis ficar feito uma
idiota, na noite de sábado, com ele aqui em casa, a fim de fazermos nada.
Tampouco tenho saco para joguinhos idiotas com amigas infantilizadas que pisam
na bola e são incapazes de admitir. Sinal claro que de que minha amizade vale
menos do que um pedido de desculpas, né? E o rolo que isso dá? A gente está
falando com uma, a outra, que se sabe na berlinda e na mesma situação, toma as
dores para si.
Francamente, as
pessoas só fazem quinze anos uma vez na vida. Depois farão dezesseis, vinte, trinta... Quinze
anos, de novo, nunca mais!
Nossas cerimônias
pessoais, do casamento, da formatura, das defesas de mestrado e doutorado, são
só uma vez. Se você se formar de novo, será outra formatura. Então, é assim:
cada oportunidade é uma oportunidade porque ao longo dos outros 365 ou 364 dias
do ano, vivemos dias comuns. Separamos uns poucos deles para que sejam
especiais, por isso me senti profundamente magoada pelas negligências que me
fizeram...
E aí, se a gente
fica 10 dias sem falar com uma pessoa, às vezes os ventos de mudança sopram bem
forte e tiram tudo do lugar – às vezes até nos levam para longe. A vida corre.
Foi o que me aconteceu recentemente: o ficante voltou, o outro apareceu, eu fiz
uma viagem, eu conheci gente, eu fui a festas, eu fiz um concurso, eu fui
aprovada, as coisas se movimentaram e a gente vai se readaptando,
redirecionando posições...
Sinto falta de todo
mundo que eu gosto. Senti uma tremenda ressaca moral quando dei uma dispensada
nele porque o negócio estava ficando sério e sinistro, com ele se impondo em
minha casa e querendo determinar como seria meu final de semana, tudo de forma
imperativa.
Ouvi uns “Compre
isso!” e “Faça aquilo” e quando fui argumentar, a última palavra era dele
(assim como a primeira, assim como todas). Não, eu não quero casar. E não
permito que casem comigo sem a minha autorização.
O que eu queria era
uma relação boa e leve, com cada um na sua, com programas a serem discutidos e
combinados, com uma confiança a ser construída ao longo do tempo...
Mas engraçado mesmo
foi o ponto a que Zé Bonitinho chegou recentemente: ele me ligou dizendo que os
negócios dele iam de vento em popa e que agora que soube que passei no
concurso, poderíamos ser uma sociedade não só em termos afetivos, mas em
negócios. Tenha santa paciência! Quando falo com ele me sinto impotente e
cansada: já disse que não quero, já disse que tenho namorado, que não tenho
interesse por ele... Nada resolveu! Talvez isso só passe quando eu morrer. Que
obsessão ridícula!
Bom, hoje voltei a
correr no fim da tarde. Adorei! Gosto de estar só, de correr de boca fechada, porque
odeio fazer qualquer exercício conversando... Estas semanas não estão sendo fáceis,
com um bando de coisas para fazer, mas ao correr eu me concentrei, pensei na
vida, fiz planos...
Às vezes sonho com
um verão bom, com viagem entre amigos, cada turma num carro, rumo ao litoral, à
Praia do forte, nas reuniões do fim de tarde na vila dos pescadores e dos
jantares por lá, com a torta mousse de café e chocolate no Tango Café. Mas as pessoas
vão se fechando nos seus mundinhos perfeitos, em seus recalques, despeitos,
invenções e falta de coragem... Aí a gente olha e já não há um amigo ali.
Não seria eu se
escondesse de mim mesma as decepções que sofro. Perco o rebolado diante de um
amigo que me magoou, não sei fazer o teatro certo para disfarçar que tenho
mágoa...
Bom, acho que ele
não vai falar comigo tão cedo, nem faço questão. O mesmo vale para a ex-amiga:
não sou uma pessoa de paciência, não tive filhos e detesto criancices.
Apesar disso tudo,
estou cansada e feliz, porque a felicidade não é a ausência de conflitos.Estou feliz como posso!
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