Não é por orgulho frio, de vaidade, que a gente
comemora quando pode, finalmente, dizer um não redondo na cara de alguém que um
dia nos fez sofrer. É o orgulho consigo mesma, é a constatação de que não
precisamos mais negociar a relação, é a comemoração interior por não sentir
mais amor, dependência, necessidade... As pessoas mudam de significado para nós.
Quando um ex é gente fina, vai se tornar amigo.
Quando o ex é uma porcaria, o melhor caminho é
isolar a pessoa, apagar, deletar, esquecer, de modo a não querer saber jamais
da vida dessa pessoa. Não é só a pessoa que tem que sair da vida da gente:
somos nós que devemos também sair da vida dela.
No caso dos namoros longos, é phoda: os amigos em
comum ficam sempre associando as pessoas, nos associando a eles, tipo, “Que
Nara?”; “Ah, Mara de Fernando!”. E digo que até hoje em dia, quem eu namorei no
meu tempo de universidade ficou tão inscrito em um circuito desse tipo, que há
quem pense que estamos juntos até hoje – só se eu fosse a amante, né? Porque os
dois sujeitos casaram. Como não eram gente ruim, se tornaram meus amigos. Decerto,
nos vêem juntos, porque confidenciamos problemas, sonhos, planos, ajudas
recíprocas na hora de fazer um artigo ou um projeto qualquer... De vez em
quando, ajudo um deles a escolher os presentes de aniversários, dias das mães,
essas coisas, para a mãe e a esposa, lógico.
Relacionamento bem resolvido é ótimo!
Já critiquei minhas amigas que ficaram sob os pés
dos namorados, as que aceitavam serem objetos da vaidade do outro, viver
explorações e humilhações. Também já me submeti a relacionamentos ruins, desse
porte. Com o tempo, entendi que elas não caiam fora não somente pela
dependência emocional que tinham, mas porque havia alguma espécie de vinculo
interno. Assim sendo, se terminassem, sofreriam. Preferiam, portanto, sofrer e
ter a pessoa por perto mesmo.
Isso pode durar anos.
Porém, o dia chega em que ‘O copo está cheio e que
já não dá mais para engolir” e isso não é uma questão de limite como parece. É
uma questão de consciência e de desvencilhamento afetivo. Pronto: Hora do pé na
bunda. E como é algo bem resolvido, nunca mais a gente volta para o sujeito que
parecia ser eterno e indestrutível no coração da gente.
É uma gostosa sensação desconstruir a paixão quando
ela nos fez mal. Aquele que nos parecia um Deus se transforma em menos que o
pior dos mortais, os defeitos ignorados são postos a limpo, o valor da pessoa
cai porque nossa cotação emocional lida com outros pesos e medidas e acho que é
dia, sim, de comemorar. Quando o amor vai embora, você não nota, não vê o lugar
nem o momento, mas neste momento você se sente “cheia de si”.
E que quando a gente diz que alguém “se sente”; “se
acha”, focaliza o mau orgulho, a empáfia, a metidez... Estar cheio de si é se
bastar, sem menosprezar o valor de outras companhias.
Não me referi em nenhum momento deste post ao caso
do Insistente desagradável, mas a outro caso, de longa data também, mas não tão
longa assim.
Nunca entendi direito porque ser amado presume se
valer do sentimento alheio para enaltecer o próprio ego, em demonstrações de
vaidade. Bem, me sinto bem por mim e por outra amiga que nestes dias superou um
amor ruim. Que seja e esteja ‘cheia de si’ e que no tempo certo possa também se
encher de amor, sem ser o amor de quem nos encheu o saco!
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