Louquética

Incontinência verbal

terça-feira, 7 de maio de 2013

Pé na bunda!




Não é por orgulho frio, de vaidade, que a gente comemora quando pode, finalmente, dizer um não redondo na cara de alguém que um dia nos fez sofrer. É o orgulho consigo mesma, é a constatação de que não precisamos mais negociar a relação, é a comemoração interior por não sentir mais amor, dependência, necessidade... As pessoas mudam de significado para nós. Quando um ex é gente fina, vai se tornar amigo.
Quando o ex é uma porcaria, o melhor caminho é isolar a pessoa, apagar, deletar, esquecer, de modo a não querer saber jamais da vida dessa pessoa. Não é só a pessoa que tem que sair da vida da gente: somos nós que devemos também sair da vida dela.
No caso dos namoros longos, é phoda: os amigos em comum ficam sempre associando as pessoas, nos associando a eles, tipo, “Que Nara?”; “Ah, Mara de Fernando!”. E digo que até hoje em dia, quem eu namorei no meu tempo de universidade ficou tão inscrito em um circuito desse tipo, que há quem pense que estamos juntos até hoje – só se eu fosse a amante, né? Porque os dois sujeitos casaram. Como não eram gente ruim, se tornaram meus amigos. Decerto, nos vêem juntos, porque confidenciamos problemas, sonhos, planos, ajudas recíprocas na hora de fazer um artigo ou um projeto qualquer... De vez em quando, ajudo um deles a escolher os presentes de aniversários, dias das mães, essas coisas, para a mãe e a esposa, lógico.
Relacionamento bem resolvido é ótimo!
Já critiquei minhas amigas que ficaram sob os pés dos namorados, as que aceitavam serem objetos da vaidade do outro, viver explorações e humilhações. Também já me submeti a relacionamentos ruins, desse porte. Com o tempo, entendi que elas não caiam fora não somente pela dependência emocional que tinham, mas porque havia alguma espécie de vinculo interno. Assim sendo, se terminassem, sofreriam. Preferiam, portanto, sofrer e ter a pessoa por perto mesmo.
Isso pode durar anos.
Porém, o dia chega em que ‘O copo está cheio e que já não dá mais para engolir” e isso não é uma questão de limite como parece. É uma questão de consciência e de desvencilhamento afetivo. Pronto: Hora do pé na bunda. E como é algo bem resolvido, nunca mais a gente volta para o sujeito que parecia ser eterno e indestrutível no coração da gente.
É uma gostosa sensação desconstruir a paixão quando ela nos fez mal. Aquele que nos parecia um Deus se transforma em menos que o pior dos mortais, os defeitos ignorados são postos a limpo, o valor da pessoa cai porque nossa cotação emocional lida com outros pesos e medidas e acho que é dia, sim, de comemorar. Quando o amor vai embora, você não nota, não vê o lugar nem o momento, mas neste momento você se sente “cheia de si”.
E que quando a gente diz que alguém “se sente”; “se acha”, focaliza o mau orgulho, a empáfia, a metidez... Estar cheio de si é se bastar, sem menosprezar o valor de outras companhias.
Não me referi em nenhum momento deste post ao caso do Insistente desagradável, mas a outro caso, de longa data também, mas não tão longa assim.
Nunca entendi direito porque ser amado presume se valer do sentimento alheio para enaltecer o próprio ego, em demonstrações de vaidade. Bem, me sinto bem por mim e por outra amiga que nestes dias superou um amor ruim. Que seja e esteja ‘cheia de si’ e que no tempo certo possa também se encher de amor, sem ser o amor de quem nos encheu o saco!

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