Meu primo, assim como eu, é cheio de fantasias na
cabeça. A diferença é, como eu já disse antes, que eu tenho mais fantasias do
que barracão de escola de samba.
No domingo ele me disse das fantasias que ele supõe
que as mulheres tenham. Contou que leu num desses sites de contos eróticos e
relatos supostamente verdadeiros, que uma mulher se encantou com um ménage a
trois, com dois homens, mas que colocou como maior dificuldade na concretização
desta fantasia, descolar dois homens que topassem.
Preconceito e sexo não formam um bom par. Acho que
um exclui o outro ou, no mínimo, complica. Meu primo é preconceituoso, machista.
Disse que queria, um dia, viver esta fantasia, mas nunca, jamais e de jeito
nenhum, com a sagrada e sacrossanta esposa dele, sob pena de perder o respeito
por ela.
Vejam só: existe a mulher para respeitar e a mulher
para o deleite, aquela com quem será compartilhado o corpo e o gozo, mas nunca
uma relação sólida.
Aquela que parece teoricamente sortuda, por ser
eleita e escolhida para esposa, está fadada não apenas à exclusividade do sexo
com ele, mas aos limites do desejo. Com as demais, os desejos não têm limites.
Há alguns babacossauros que perguntam isso: a
mulher quer ser respeitada ou desejada? Ao que parece, respeito é uma coisa
para as mulheres velhas, que não despertam desejos na maioria dos homens.
Deduzo que sexo sem limites, para ele, é sexo sem respeito. Pessoalmente, eu
não quero jamais dividir meu corpo com quem não me respeita. E como mulher, ser
desejada não exclui ser respeitada. O oposto também se aplica.
Não sei se o caso de meu primo tem a ver com ciúmes,
se as escapadas internéticas têm a ver com a já assumida vontade e urgência de trair...
Lamento é o preconceito.
Quando ele fala da autora do texto lido ter
colocado como maior dificuldade descolar homens que topassem a situação, está
ali outro indicativo de machismo e preconceito. Os homens são bichos esquisitos
que, às vezes, deixam fluir seus recalques tratando à parceira sexual com nomes
depreciativos. Porém, com o tempo, as mulheres aprenderam a entrar no jogo,
verbalizando palavras que vão muito longe de declarações de amor. Lógico que
aquela máxima que diz que “A mulher deve ser uma dama na sociedade e uma
prostituta na cama” pegou em cheio com o passar do tempo. Não há nada de errado
com a prostituta: ela aparece como referência de quem, ao vender prazer, faz
o possível para a satisfação do cliente, sem se preocupar com as imposturas
morais (por não sermos prostitutas, fazemos ou temos por intenção fazer o possível para nossa satisfação também, em prol da reciprocidade). A mulher sexualmente sábia, edifica o seu lar.
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