Louquética

Incontinência verbal

segunda-feira, 24 de junho de 2013

São João, é fogo!


Difícil é ignorar minha ira diante do estouro constante das bombas durante o São João. Odeio! Odeio mesmo!
Ontem, ao sair da casa de Héber, já bem mais das 22 horas, fui me desviando de fogueiras, sem nada poder fazer contra a fumaça que mais tarde me faria acordar sufocada. Desde a vizinhança do meu amigo, crianças endemoniadas soltavam bombas potentes nas ruas, auxiliadas por pais irresponsáveis e bélicos. Acho tudo uma praça de guerra. Não vejo sentido em literalmente estourar dinheiro apenas para ouvir barulhos estrepitosos! Vá entender o ser humano!
Cometi meus excessos gastronômicos, e talvez meu São João se limite a isso: me acabar em guloseimas, lamentar as consequências na balança, antever os engarrafamentos pós-festas, o trânsito e os transtornos... Não faço simpatias nem viajo para as aglomerações juninas. Vejo tudo contra mim: estradas cheias, aglomerações, frio, fumaça, estouros de bombas que, aliás, tem consequências extensivas aos meus bichos, pois todos eles ficam assustados e sobressaltados com o estrondo animal de bombas-canhão, fogos chiarentos e artefatos similares que reforçam minha descrença na coerência e racionalidade humanas. Shows pirotécnicos só servem para pirar a pessoa.
Consegui me desvencilhar da companhia indesejada. Tenho isso: não quero ver o ficante em certas ocasiões. Apenas me bate uma vontade de não ver, de não encontrar. Não sei por que isso acontece, mas é uma certa indeterminação do desejo de ver, dá, acontece e aí para fabricar desculpas esfarrapadas ou usar de sinceridades que não firam, me parece tudo inviável.
Bom, minha rua é só fumaça e fogos. Fico aqui dentro, quietinha, eventualmente sacudida por sustos devido às bombas. Não quis ver o ficante, não quis sair, não me precipitei a nenhuma festa e ainda me pergunto como foi mesmo que as coisas se tornaram o que são, em termos amoroso-afetivos, já que era em R. que eu pensava desde fevereiro, era com ele que ia decolar um relacionamento, mas eu nunca liguei, nunca telefonei nem forcei coincidências... E tudo mudou... Não é que não ele não me interesse, é a vida passando mesmo, outros ritmos se impondo, outras coisas surgindo, outras situações...
Respeito meu modo pessoal de encarar as coisas: não aderi aos desesperos de causa. Já pensei, claro, em momentos de extrema solidão, em ficar com qualquer homem que pudesse se tornar uma companhia, mas aos poucos vi que era apenas desespero de causa que não justificavam constituir pares que não combinam, pegar “o feio, que bonito lhe parece”, quebrar um galho e ir levando. Com todos os preços, prefiro a sinceridade. E de mais a mais, não sei quando é que o interesse passa, que os sentimentos se esvaziam, que o desejo fenece, ou se morre para renascer, ou, se, quiçá, eu esteja vendo o que eu não via e conhecendo o que eu ignorava.
Por questões de sinceridade, admito que se algum desespero me pegar será aquele que toca à tão difícil possibilidade que temos em encontrar compatibilidade sexual com alguém. Quando encontro alguém assim, satisfatório na horizontal, penso que a tampa da panela existe e quanto mais adaptadas as partes, melhor o fervor. Mas, esqueçamos minhas intimidades e essa minha incapacidade de ganhar o festival de hipocrisia sobre assuntos polêmicos.
Gosto do São João. Não gosto de bombas. Tá: que se exploda!

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