Louquética

Incontinência verbal

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Eu, tu, ele, nós, voz e violão




Com greve, paralisação ou simples burburinho, amanhã eu irei trabalhar. Isso foi um balde de água fria na minha súbita vontade de ir ali, na night, ouvir um show.
É, ouvir um show: não era para dançar, nem para ver... Era para ouvir. Aconteceu, porém, de eu superestimar meu desejo de sair e achar que se eu me descabelasse de tanto correr, como acabei mesmo fazendo hoje à tarde, à noite eu estaria inteira e feliz para ir ao CUCA (Centro de Cultura e Arte). O que houve foi que não sei se me sinto cansada – ou finjo não sentir cansaço para disfarçar os efeitos da visita crucial do tempo, modo eufêmico de falar da velhice – ou se é só preguiça, porque penso na volta. Porém, se vou sozinha, sem ninguém para me perturbar e comandar minha vontade, volto à hora que eu bem entender, não tenho que ficar até duas da manhã - até porque isso deve acabar às 23 horas).
Sei é que de manhã terei o que fazer.
Passei parte do dia de hoje corrigindo resenhas de uma turma, da turma de amanhã à tarde. É que trabalho em Salvador e, para estar lá à tarde, tenho que sair daqui de manhã. E sair de manhã é sair às nove horas. Para estar pronta às nove, preciso me levantar às sete. Pois é. E quando minha aula é às nove, acordo às cinco da madruga, pego o executivo às seis e passo o dia sonolenta.
A verdade mesmo é que eu sei que  não vou sair para lugar algum neste fim de semana – ou não terá sol ou não terá show – e se não saio hoje esta será mais uma semana a ser lastimada pelo fator múmia. Olha, adoro estar em minha casa, todo mundo sabe disso. Mas não suporto ficar sem badalações, sem festa, sem shows... Eu, hein? Ficar em casa, vegetando feito uma planta – muda, muda – Deus me livre!
Acho que vou largar minhas obrigações, meus afazeres e sair um pouquinho, apesar desta preguiça a me corroer... Poxa, levantar daqui, tomar banho, escolher uma roupa, ajeitar esta minha cara, sair lá fora, no frio e picar a mula para ver o show... Ouvir o show... Sei lá! É que ao voltar, vou dormir pouco, mas sei que devo ir. Lembremos da avó de Leila: “Cocada que não sai, não vende!” e não é nem que eu queira expor meu tabuleiro: é vontade de sair. Acho que vou mesmo. Depois, vou ter mais o que contar. Mas, por outro lado, fico ás vezes com a música do Los Hermanos na cabeça, bem a frase "Sair de casa já é se aventurar" e me dá uma hesitação!
Ouvi muito esta música quando amargava uns chifres bravos que andei recebendo na testa. O que se pode dizer? vish!nada mais. Mas, é isso: "sair de casa já é se aventurar" - se eu ficar em casa, me escondo da vida, né?
Trilha sonora de hoje: Último romance, by Los Hermanos.


Eu encontrei-a quando não quis
Mais procurar o meu amor
E quanto levou foi pr'eu merecer
Antes de um mês e eu já não sei

E até quem me vê lendo o jornal
Na fila do pão, sabe que eu te encontrei
E ninguém dirá que é tarde demais
Que é tão diferente assim
Do nosso amor a gente é que sabe, pequena

Ah vai!
Me diz o que é o sufoco que eu te mostro alguém
A fim de te acompanhar
E se o caso for de ir à praia eu levo essa casa numa sacola

Eu encontrei e quis duvidar
Tanto clichê deve não ser
Você me falou pr'eu não me preocupar
Ter fé e ver coragem no amor

E só de te ver eu penso em trocar
A minha TV num jeito de te levar
A qualquer lugar que você queira
E ir aonde o vento for
Que pra nós dois
Sair de casa já é se aventurar

Ah vai, me diz o que é o sossego
Que eu te mostro alguém a fim de te acompanhar
E se o tempo for te levar
Eu sigo essa hora e pego carona pra te acompanhar.




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