Louquética

Incontinência verbal

domingo, 17 de novembro de 2013

15 de novembro, um feriado.




Se os políticos brasileiros são, em maioria, uns filhos da puta outra, uma parcela dos cidadãos são os pais. Entre os oprimidos sempre paira a sombra da aquiescência muda.
Depois de tantas embromations processuais no Julgamento do Mensalão, agora que dois ou três puseram os pés nos cárcere – coisa que não deve perdurar senão umas poucas semanas – não faltaram os que os defenderam publicamente. Vi, no Facebook, uma página em que os papeis são invertidos e Joaquim Barbosa é pintado como ditador, em oposição aos condenados (as vítimas). Imagino que se houvesse algum lapso moral do Joaquim Barbosa ou qualquer outro fato que pudesse ser adequadamente manipulado, teríamos uma terrível distorção da realidade histórica.
Declaro minha simpatia ao Joaquim Barbosa, um cara que procurou fazer o que ninguém antes dele fez: Justiça.
Os políticos sempre escapam das condenações. Há sempre o cerco corporativista, que faz semlhante defender semelhante.
Acho que quem vota tem sonhos, que torce por um país mais justo. Eu, a meu tempo, também acreditava em Lindeberg Faria, como um dia já acreditei em PT e outras coisas imaginárias que nos põe a sonhar que alguém um dia levará a sério as aspirações coletivas do povo.
Em minhas aulas, todo dia sou obrigada a discutir o conceito de povo, uma modalidade móvel e imprecisa. Também discuto a suposta Classe Média, que, como não é difícil concluir, é um termo elástico que os Governantes de todos os cantos do planeta manipulam, de modo a minimizar a interpretação da pobreza. Explico: uns acham que o que determina a pertença à classe média é a renda; outros, o estudo e demais capitais simbólicos. Ocorre que há uma flexibilidade no estabelecimento das rendas que limitam as classes, variáveis de país para país, mas que a gente pode até simplificar este raciocínio e depreender as manipulações que vão erar a impressão de justiça social e crescimento da Classe Média e conseguinte diminuição da pobreza.
Do meu tempo de criança para cá o Brasil mudou. É verdade: telefone era para poucos, carro era artigo de luxo; televisão e geladeira eram itens básicos conquistados a duras penas e infinitas prestações e, sim, havia mais pessoas passando fome. Parte das conquistas que temos deveu-se a alguma pequena mudança na política, outra é responsabilidade de ações externas que forçam certas medidas na economia interna com vistas a fomentar o comércio e escoar mercadorias. Daí por diante, a concessão de crédito sob juros sempre pesados confluiu com a redução de custos na produção de alguns artigos eletrônicos que, por seu turno, também reduziu seu tempo de vida útil.
Acho uma estratégia incrível que o poder político não se ocupe em melhorar o transporte público, a saúde e a educação, mas que até certo ponto seja concessivo para que os pobres comprem motos e carros financiados; adquiram planos de saúde e possa aderir a programas de custeio do curso superior na faculdade particular. É assim que se faz o país... Não li sobre isso, mas deduzi a partir da observação dos contextos que vivi e do quanto trabalho porque sou pobre, mas preciso dar conta do que é básico para minha vida, como cidadã.
Neste fim de semana o povo se esbaldou frente ao feriado de Proclamação da República que, coincidentemente, culminou na prisão destes dois ou três que totalizam oito, já que o nono, o Sr. Ricardo Pezzolato, valendo-se de sua dupla cidadania, fugiu para a Itália e deu um tremendo 'olé' em que o buscava para cumprir mandado de prisão.
Sei, pelo menos, que a República jamais cumpriu suas promessas e fez com que o nosso 15 de novembro se consubstanciasse em mais um feriado nacional, sem o menor valor de realidade na vida dos brasileiros.

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